Nova e velha guarda passaram longe de tentar reinventar a roda, mas esbanjaram honestidade em suas propostas
Por Luiz Athayde
A relevância da arte é medida por números? Para o mercado, sim. No Class Of Sounds, não. Não cabe no gibi a quantidade de discos fantásticos lançados esse ano. E mesmo com uma lista de 100, a dificuldade seria equivalente.
Nestas 30 escavações, há de tudo um pouco: time que está ganhando e não se mexeu, novos rumos, esquisitices necessárias, muita nostalgia e boas surpresas. Confira a seguir:
30. Ignite – S/T
Uma das bandas mais icônicas do hardcore melódico voltou renovada no real sentido da palavra: com vocalista e álbum novo. Eli Santana, da (pasme) banda de power metal Holy Grail, foi convocado para assumir os vocais no lugar de Zoli Téglás, e o fez com maestria.
O autointitulado disco do Ignite não deve nada ao maravilhoso Our Darkest Days (2006), e ainda faz melhor: aponta para o futuro como poucas bandas fazem quando trocam seus microfones.
Embora se trate de um estilo mais acessível dentro do rock, o som está forte como nunca: quem assina a produção é Cameron Webb, conhecido por ter trabalhado nos últimos álbuns do Motörhead, Megadeth, mas também de bandas correligionárias, a exemplo de NOFX e Pennywise. Clássico instantâneo!
29. Djevel – Naa skrider natten sort
Disco brilhante saído da nova safra do black metal norueguês. Calma que as surpresas aqui são nulas: juntos, Trånn Ciekals, Bård “Faust” Eithun e Kvitrim contabilizam mais de 30 bandas no currículo em aproximadamente três décadas. Dentre elas Neetzach, Black Majesty, Thorns e Emperor.
Naa skrider natten sort (ou “Agora a noite segue negra”) discorre naturalmente como uma continuação de Tanker som rir natten (2021), e se destaca por adicionar violões e teclados. Elementos sutis, mas que fizeram a diferença no resultado final, deixando o som do Djevel nitidamente mais soturno.
28. Autoramas – Autointitulado
Gabriel Thomaz é indiscutivelmente um ás dos sons de garagem. E o oitavo álbum capitaneando os Autoramas, do qual traz a presença marcante de Érika Martins, sintetiza seus longos anos na linha de frente do underground nacional. Ao mesmo tempo que convoca o ouvinte a se divertir, Autointitulado retrata as ânsias do grupo ante um Brasil invertido – cortesia da participação de Rodrigo Lima, do Dead Fish, em faixas pontuais.
Uma enxurrada de bandas e artistas da esfera mais extrema do heavy metal vem surgindo nos últimos anos nos Estados Unidos, a ponto de serem relacionados a um novo movimento: Native American Black Metal. O Blackbraid é um desses nomes realmente promissores, graças ao seu álbum de estreia Blackbraid I (confira entrevista exclusiva aqui), lançado por carimbo independente.
A sonoridade gélida é simultaneamente inspirada na natureza selvagem de Adirondack, no Estado de Nova York (terra natal do mentor Jon Krieger), na sua herança indígena, e no black metal escandinavo. Embora o disco seja intrinsecamente furioso, o dinamismo e o potencial melódico andam lado a lado. Em outras palavras, ele se distancia das críticas oriundas do senso comum, que chamam este subgênero musical de “barulho”.
26. Working Mens Club – Fear Fear
O clube dos trabalhadores da Grande Manchester explodiu muitos ouvidos quando surgiu com seu autointitulado álbum de estreia em 2020. A cara de poucos amigos dos integrantes ia na contramão do som absurdamente pegajoso, rendendo moral até mesmo com uma de suas referências, o New Order.
Em Fear Fear, a abordagem foi ainda mais eletrônica, mas também experimental. O pós-punk ficou cada vez mais synthpop e futurista, tendo Gary Numan, Ultravox e Kraftwerk como primas mais visíveis. Mas é justamente este o diferencial: Sydney Minsky-Sargeant, o vocalista, não se acomoda por um minuto sequer, mesmo dentro de uma esfera supostamente já explorada na sua totalidade.
O nome da banda não significa “incansável” por acaso. Dihmin Ïszhe é um dos vários registros carimbados de forma independente pelo músico francês Scarset Vincent. Seu raio na hora de compor evita fronteiras, e ele chega a citar até mesmo bandas do metal extremo como influência.
No entanto, a salada musical acaba sendo condensada a nomes tão desafiadores quanto sua música. A exemplo de Magma, Soft Machine e claro, o poderoso Frank Zappa. Mas eu logo aviso que nem assim você irá ouvir uma cópia fiel do que foi citado. É um outro olhar, uma outra viagem. E que merece ser embarcada por quem ama escavar atos distintos dentro do voraz mercado musical. Se é que ele pode ser enquadrado em um.
Escola inglesa de Leeds no pedaço. Na verdade, se trata de mais um dos vários projetos/bandas do músico ianque Kyle Kimball (Nothing, Salvation, Death of Lovers, etc), com primeiro sinal discográfico datado de 2010.
E o papo aqui é mais do que reto: darkwave nos moldes originais, com o teor e, por vezes, a pompa do synthpop. Não falta groove, batidas pesadas, baixos saturados e vocais sensualmente sussurrados. Petardo.
23. Electric Sol – Lucky Day
Enquanto Pet Shop Boys vive em nossas vidas através de memórias televisivas, radiofônicas, mas sobretudo afetivas, os americanos do Electric Sol desfrutam a conquista de novos fãs por vias vídeoclípticas: “Your Divinity”. Há cerca de dois anos, o mesmo foi exibido como link patrocinado durante poucos (mais intermináveis em 99,9% dos casos) segundos no Youtube.
Na sequência, o grupo liderado pelo cineasta, produtor, cantor e instrumentista Ed Sweet lançou um álbum inteiro nessa pegada, apresentando o lado mais pop do synth, envolto pela sempre inspiradora década de 80, mas com DNA próprio. Digno de repeat.
Adriano Bermudes é Bê. Artista gótico, voz da banda mineira Drowned Men e figura presente no subterrâneo. Seu álbum solo saiu por chancela do carimbo Plainsong.Records, do Rio de Janeiro, e veio simplesmente para somar aos melhores lançamentos dark nacionais editados nos últimos anos.
Atmosfericamente esquisito como o clássico Pornography, do The Cure, mas com o “Bê-a-bá” ensinado pela escola do Joy Division, com devaneios e desabafos em português.
Banda italiana, com considerável sucesso no Japão graças a um pós-punk/new wave remetido a nomes latino-americanos. Como explicar? Quem comanda este barco é o guitarrista Claudio Todesco, que acompanhado do vocalista e baixista Francesco Chini mais o baterista Leonardo Sentinelli, lançaram um dos discos mais legais do gênero.
Baikonur segue em uníssono pelos anos 80 e a atualidade, sem trazer um conceito específico nos seus temas. Ou seja, vale qualquer coisa como inspiração: das noitadas em Berlim por Cristiane F (“Berlinauta”), a uma contundente crítica ao uso de animais em pesquisas científicas (“Cosmorandagio”). Belíssimo.
O currículo do artista carioca radicado no Espírito Santo, Danilo Ferraz, inclui participações em festivais como Claro Q É Rock (2005), abrindo para o Placebo, e o Fora do Eixo 2011 em São Paulo, com a pulverizada banda Valvulla. Além de ser uma das cabeças criativas do Volapuque; grupo formado por Sandro Juliati, ex-vocalista do Mukeka di Rato.
Valendo-se do sentimento de incerteza durante a pandemia do Covid-19, ele se forçou a juntar canções que não se encaixavam em sua banda para construir seu primeiro álbum solo – do qual ele conta mais nesta entrevista exclusiva. O mesmo veio regado a influências que vão do rock psicodélico/progressivo brasileiro ao britpop. Nada menos que disco louvável por não querer inventar a roda, mas mostrando uma consistência impressionante de quem não entrou ontem no jogo da música.
19. King Gizzard & The Lizard Wizard – Omnium Gatherum
Para uma banda que lança dois, três discos por ano, ao menos um deveria se destacar. Certo? Não necessariamente. Só que em 2022 foram cinco registros. Cinco. Todos excelentes. Assim como praticamente tudo que os lagartos bruxos (“Lizard Wizard”) de Melbourne editaram desde 2012.
Psicodelia e jazz rock talvez sejam as únicas constantes na obra do King Gizzard, e neste lançamento do mês de abril a surpresa foi terem adicionado soul e hip hop na parada. Tipo um cruzamento entre Beastie Boys e Otis Redding no Sol escaldante do deserto australiano.
18. And Also the Trees – The Bone Carver
Há muitos anos que o quadrado pós-punk/gótico deixou de ser o único espaço físico, ou melhor, sônico do grupo inglês And Also the Trees. À medida que os mesmos avançaram, a musicalidade e o experimentalismo dos pacotes selados como art rock e avant-folk tomaram os sentidos do vocalista, compositor e letrista Simon Huw Jones. E claro, seus companheiros.
A introspecção de seu álbum anterior, Born Into the Waves (2016), se converteu em algo mais desenvolto; no sentido atmosférico, sombrio e folclórico da coisa. Cortesia do outono e da poesia extraída do seu clima chuvoso. Disco primoroso desta banda que ostenta uma discografia ímpar no perímetro britânico.
Ao mencionar “Adieu” nos 20 Melhores Videoclipes de 2022 eu também disse que hoje, o Rammstein se encontra na mesma posição criativa que o Marilyn Manson estava nos anos 90 e começo dos 2000.
Quanto a sua discografia, eles só não configuram um AC/DC porque Sehnsucht (1997) está distante temporalmente e qualitativamente do álbum autointitulado de 2019. Embora ambos sejam discos excelentes.
Mas Zeit é o degrau acima dessa volta ao estúdio após dez anos. O peso e a repetição dos riffs estão ali – marca alemã –, mas em músicas mais elaboradas (palatáveis) tanto para ouvidos habituados ao heavy metal, quanto quem quase nunca coloca rock na sua playlist. Em suma, é Till Lindemman e cia acertando a mão novamente.
16. Stephen Mallinder – Tick Tick Tick
Enquanto banda, o Cabaret Voltaire deixou discos seminais na história. Mas em 1995, Stephen Mallinder se mudou para a Austrália e lá se tornou PhD em filosofia pela Universidade de Murdoch, sem deixar de traçar um paralelo com outros projetos sônicos.
Sua reestreia no âmbito solo acontece em 2019 quando assina com a Dais Records, e solta o fantástico Um Dada; um registro contendo as abordagens mais ácidas da house music e o new beat. Daí, seu sucessor teria que ser, no mínimo, tão bom.
Foi quando veio o petardo Tick Tick Tick. Desta vez a receita apresenta doses cavalares de groove, ainda sob o prisma “house”, mas contendo aquele sabor techno que te impede de manter seu corpo parado. Experimental, melódico e, no entanto, sob medida para as pistas de dança. Velha escola na área.
15. Box – Cherry Blossoms at Night
Insano! É como inicialmente define o projeto de Andrew Stromstad, também conhecido por comandar as seis cordas da banda hardcore punk Poison Idea. No diagrama musical do artista de Portland, Estados Unidos, cabe death, thrash e doom metal da mesma forma que new wave, dark synth, rock progressivo e disco music. Como se ABBA e Bee Gees viessem de uma outra dimensão e caíssem no mesmo terreno que o Suffocation… e se dessem muito bem.
Disco singular, surpreendente, e que só poderia vir de uma mente com um gosto musical tão vasto e peculiar.
Olha, de tristeza mesmo, somente por não ter mais faixas. Todavia, a extrema carga emotiva emanada nas músicas dispensa qualquer configuração numérica.
A mente por trás da brigada shoegazer/ethereal radicada na Holanda é o compositor e guitarrista peruano Antonio Zelada. Guiado criativamente pelos principais nomes do gênero, o músico ainda contou com ninguém menos que Robin Guthrie (Cocteau Twins) para a produção e mixagem, e Simon Scott (Slowdive) assinando a masterização. Se Resplandor é um dos atos mais melódicos da nova seara alternativa, Tristeza é, de longe, seu momento mais cativante. Brilhante.
Para a formação shoegazer de Austin, Texas, não bastou compor músicas que grudassem na cabeça por um bom tempo. Havia a necessidade de trazer gente gabaritada para a parte técnica. Mas o que não se esperava era ter Mark Gardener, vocalista da seminal banda Ride, assinando a masterização. E, nada contentes, ainda trouxeram Miki Berenyi para participar no single “Blame”; por sinal, um dos pontos altos de Possessions.
Este é o disco que teria nascido clássico se gerado no começo dos anos 90, mas nem de longe o espaço temporal irá impedi-lo de ganhar tal status. De qualquer maneira, em 2022, este é o registro que melhor mesclou o clima úmido do Cocteau Twins com as correntes refrescantes do Lush em 12 músicas super inspiradas.
Caio Lemos e Raíssa Geovanna Matos compõem a união de dois talentos: o das artes visuais, e sonoras. A delirante capa dadaísta já denota algo diferente no buliçoso (como nunca) cenário gótico brasileiro, por não lançar mão de morcegos ou teias de aranha. Neste caso, em uma colagem cirurgicamente dark com “todas as waves” possíveis. Mais que um dos melhores de 2022, Delírio Altar é uma das mais gratas surpresas nesse viciante estilo musical regido pelas sombras.
Os anos 80 no seu pico! E não, não vem de gente que viveu aquela década ou de músicos veteranos que resolveram reviver um período. Mas jovens apaixonados por tudo (de bom) que saiu daqueles tempos – filmes, jogos, seriados, programas de TV… bandas – e transformaram neste álbum.
Buraco no Tempo é pop com camadas generosas de sintetizadores, bem como se fazia antigamente. Dominó encontra Jan Hammer (Miami Vice), ou Genesis na próxima novela da Rede Globo… em 1988.
Eis um dos lançamentos eletrônicos mais esperados do ano. Ao menos no raio compreendido pelos clubes londrinos. Kevin Kharas e Patrick King beberam nas mesmas fontes que New Order e 808 State se esbaldaram, mas aqui o clima está mais para temperaturas baixas movidas por certa melancolia pós-festa. A essa altura, só C.J. Bolland na causa…
A atmosfera familiar é justamente o ponto forte do álbum. Feito sob medida para quem adora respirar, ao mesmo tempo, as inúmeras camadas da música eletrônica: downtempo, synthpop, deep house, balearic beat, alternative dance.
A palavra “lenda” possui um termo em alemão que se chama Wolfgang Flür. E isso pelo simples fato de ter integrado o grupo de trabalhadores alemães da música, Kraftwerk, em sua fase áurea. Como artista solo sua estreia foi através do fechamento com o duo U96, rendendo o álbum Transhuman em 2020.
Esse ano Flür resolveu convocar nomes estelares para dar mais brilho às suas composições, como Midge Ure (Ultravox), Claudia Brücken (xPropaganda), Peter Hook (Joy Division, New Order) e Carl Cox. Chances de dar errado? Nula. E de figurar os melhores de 2022? Óbvias. Discaço eletrônico raiz, brilhante faixa a faixa.
8. The Legendary Pink Dots – The Museum of Human Happiness
Os veteranos experimentalistas The Legendary Pink Dots mostraram mais uma vez a força como um dos nomes mais influentes da esfera experimental – Skinny Puppy e Nine Inch Nails são algumas bandas que devem suas vidas à existência deles. Sucessor de Chemical Snapshots (2021) discorre guiado pela marca registrada por Edward Ka-Spel: psicodelia eletrônica por vias sombrias.
Gente experimentando e tentando avançar no tempo é o que não falta. Mas soar de maneira singular, aí são outros quinhentos. E é nessas horas que a velha guarda faz a diferença, ainda que não esteja sob os grandes holofotes. Fantástico.
O produtor dinamarquês Anders Trentemøller é um dos nomes que melhor soube aproveitar o sentimento de nostalgia que, cá entre nós, nunca esteve tão em voga como nos últimos dez anos. Por ele ter um RG fundado na música eletrônica, a grosso modo, Memoria é, até para fácil assimilação, rotulado como dreampop.
Mas, por esses lados, suas lembranças irão passear pelo pós-punk Cureano (“Seventeen Seconds” mandou um abraço) e o shoegaze. Subgêneros que certamente continuarão a reverberar por muitas ondas.
6. Ploho – Когда душа спит (Quando a Alma Adormece)
O trio coldwave siberiano – praticamente um pleonasmo – Ploho é uma máquina de lançamentos desde sua formação, na classe de 2013. Mas, nem por isso a qualidade caiu. Muito pelo contrário. Como provam suas almas nada adormecidas criativamente ao ‘baixarem um pouco a bola’ neste novo disco. Em outras palavras, não precisa ser o mais rápido ou dançante para cativar o ouvinte e, principalmente, se mostrar relevante.
Fotografia com o olhar profundo de sempre do vocalista Viktor Uzhakov, mas com a diferença de reluzir sobriedade por ter produzido o trabalho mais maduro de sua discografia.
5. High Vis – Blending
Gritos por consciência de classe, melodias britpop, raiva punk, e notáveis apelos pós-punk guiados por guitarras ora Fugazi, ora A Flock of Seagulls. E pelo simples fato de ser uma formação inglesa. É a melhor descrição para um dos álbuns mais aguardados do ano, de uma banda que vem fazendo barulho desde seu primeiro disco cheio, No Sense No Feeling (2019). Mas aqui o nível é outro.
4. Michele Thomas – The Assumption
Muito do que se vê em destaque no jazz é quando há misturas, algumas disfarçadas de inovações. Mas a cantora, compositora e musicista americana Michele Thomas seguiu a linha tradicional. No entanto, seu álbum chegou com um espaço de tempo de 10 anos em relação a Messenger, trazendo consigo mais elementos sônicos e o peso de sua vivência.
Como resultante, The Assumption se mescla entre o teor de pautas como racismo, sexismo e autoritarismo, e a simples e válida vontade de ‘viver a vida’, aproveitando da melhor maneira possível. E tudo isso com muito jazz regado a notas de blues, soul e R&B.
A banda sorocabana Wry lançou seu primeiro álbum cantado totalmente em português e, como deu certo. Na verdade, dado o estado de coisas para lá de esquisito no Brasil, nada mais justo do que nosso idioma ter “ditado” as regras no processo de composição. Mas a jogada de mestre foi de escreverem letras atemporais, mesmo mostrando links explícitos com os acontecimentos recentes.
Musicalmente, é rock puramente independente. E extraindo, ao modo alternativo (mas extremamente palatável), suas influências de pós-punk, new wave, shoegaze e até mesmo ska e punk rock.
2. Gloria de Oliveira & Dean Hurley – Oceans of Time
A mágica dos registros do seminal carimbo 4AD foi devidamente reconfigurada por uma artista teuto-brasileira. Gloria de Oliveira vem de um vasto currículo na sétima arte; tanto na frente quanto por trás das câmeras. E há alguns anos resolveu mergulhar no universo musical.
No meio dessa imersão, surgiu uma poderosa sinergia com Dean Hurley, conhecido por ser colaborador de longa data do cineasta David Lynch. E o resultado escapa adjetivos. Melódico, emocional, mas sobretudo envolvente, Oceans of Time mostra como se codifica a inspiração quando o autor sabe exatamente o que faz.
1. Principe Valiente – Barricades
Espetacular. Das bandas mais surpreendentes da nova safra do pós-punk/gótico. Após o lançamento de Oceans em 2017, era difícil imaginar que a brigada sueca passaria ilesa pela “síndrome do segundo disco”. E eles não só deram um senhor baile, como esparramaram suas inúmeras influências neste gélido registro com notas gasosas de shoegaze e ethereal wave. Deslumbrante.
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