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Wolfgang Flür – Magazine 1

Lendário ex-Kraftwerk retorna envolto a várias participações ilustres

Por Luiz Athayde

O músico alemão, Wolfgang Flür, voltou a dar o ar da graça com um novo álbum inteiramente solo. Bom, praticamente. Após o fechamento histórico com os veteranos do Techno, U96, no fantástico Transhuman, de 2020, o ex-Kraftwerk chegou com tudo e mais um pouco, lançando Magazine 1.

Wolfgang Flür (Foto: Reprodução/Getintothis)

Recém-carimbado pela Cherry Red Records, o registro se fragmenta em 9 faixas e algumas participações mais que especiais. Associá-lo quando integrava o famoso grupo de “trabalhadores da música eletrônica”, que inclusive exerceram  influência em muitas outras esferas musicais, é chover no molhado.

Tendo isso em mente, basta embarcar em uma viagem somente de ida por caminhos sinuosos pelo Techno, synth, future e o que mais couber no pacote pop. O cartão de visitas se dá com o artista mexicano Ramón Amezcua já na faixa-título. E vale dizer que a mesma se exclui naturalmente de linhas temporais fixas; em outras palavras, anos 70, 90 e 2000 sintetizados em pouco mais de 4 minutos de duração.

O citado duo U96 reprisa sua aparição com “Zukunftsmusik” e ainda aproveita para engatar “Best Buy”; uma espécie de releitura para a progressiva e instigante “Hamburg – Düsseldorf”, também presente no último álbum colaborativo entre eles e Flür.

A coisa começa a esquentar agora, com Midge Ure trazendo sua aura Ultravox na envolvente “Das Beat”. Na verdade, se trata de um autêntico encontro de águas, dada tamanha importância de ambos.

O Propaganda (agora com o prefixo “x”) emprestou Claudia Brücken para uma das faixas mais fortes do disco, “Birmingham”, que também traz ninguém menos que Peter Hook (Peter Hook & The Light, Joy Division , New Order). Considerações? Feche seus olhos e se imagine em 1987 – independente de ter vivido aquela época ou não.

Em por falar em período, a atriz e cantora indiana, Anushka é a responsável por remeter o ouvinte aos tempos áureos do freestyle. Ainda assim, “Night Drive” soa tão empolgante como uma composição dos dias atuais. “Electric Sheep” apresenta novamente a dupla U96, agora acompanhados do DJ britânico e um dos ícones da house music, Carl Cox; minimalismo à vista, com notáveis (e naturais, diga-se) nuances Kraftwerkianas.


“Billionaire” vem em seguida, tendo o americano e pioneiro do Techno, Juan Atkins, no papel principal de um dos melhores momentos de Flür em toda carreira. Simplesmente fantástica. Apesar de curto, o álbum fecha com chave de ouro. “Say No!” conta com o MAPS fazendo as honras em uma abordagem puramente synthpop de molde espacial quase (Jean-Michel) Jarre. E bem que pode ser.

O Kraftwerk não solta nada inédito desde Electric Café, e isso contabiliza 36 anos. É óbvio que nesse ínterim, muitos discípulos fizeram seus respectivos deveres de casa, lançando álbuns, projetos e colaborações. Mas, cá entre nós, nada supera o original, e Magazine 1 é, com folga, algo além do que se espera de alguém que gravou clássicos como Radio-Aktivität (1975), Trans Europa Express (1977) e Die Mensch-Maschine (1978). Uma das maiores pedradas de 2022.

Ouça o álbum completo no Spotify.

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