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Rasha – Delírio Altar

Duo darkwave brasiliense faz estreia fria, pesada e por vezes dançante

Por Luiz Athayde

Quando o duo Rasha surgiu com seu single I em 2020, houve uma pequana explosão no subterrâneo dark nacional. Cortesia dos morteiros “Sufoco”, e “Sólida”, também ganhando boa repercussão fora graças ao portfólio do instrumentista Caio Lemos, conhecido por seus projetos de orientação metálica, Kaatayra e Brii. Na mesma via, em paralelo, está Raíssa Geovanna Matos, que além de vocalista é especialista na 3ª arte.

Rasha (Foto: Divulgação)

Na verdade, o que essa força em conjunto fez foi somente instigar o público a querer ouvir um trabalho mais extenso, como um EP ou disco cheio. Mas isso não sairia tão facilmente. Pouco tempo após terem lançado seu cartão de visitas, procurei ambos para saber acerca do futuro, e Raíssa não poderia ter sido mais sincera:

“Não há exatamente uma previsão. Estamos respeitando a quarentena e aos poucos estruturando as músicas, que interajam com outros gêneros e que seja bom pra dançar no escuro ha ha. Recebemos muitas mensagens legais e propostas que mantêm a vontade de concretizar” .

Também, pudera: o Rasha se formou no auge da pandemia do Covid-19, e naquele momento, a incerteza era ainda mais latente na mente das pessoas. Quanto a inspiração para compor músicas como se estivéssemos em baixas temperaturas, Caio foi preciso: “Bem, a gente vive num mundo meio gélido né? Então acho que a inspiração vem de todos os cantos que vivemos.”

O mundo abriu, a espera ainda parecia eterna, mas eis que “do nada” a dupla reaparece com um álbum: Delírio Altar.

Sua configuração traz 8 faixas, apresentando todos os elementos já conhecidos nas anteriores, mas naturalmente muito mais trabalhadas, inclusive com o mesmo cuidado dos projetos paralelos de Caio. Qualquer ‘dark’ e ‘wave’ que viér à cabeça se faz válida, tendo em vista que a cartilha gótica passa longe de uma variação mais ampla.

Ainda assim, o tino para compor do ato brasiliense surpreende pelo modo singular ao mesclar ondas geladas (e para lá de surfáveis) de sintetizadores, em meio a ritmos extremamente enérgicos, melodiosos e por vezes dançantes. E tudo segue cantado em português.


Da eletrizante “Boa Sorte”, com seus ecos inconscientes de Siouxsie and the Banshees, ao flerte neofolk sob o prisma do som de Liverpool (Echo & the Bunnymen, The Lotus Eaters) em “Altar do Delírio”, estamos diante de um registro digno de orgulho por levantar as bandeiras da qualidade sonora, da composição e da criatividade, ao formar uma unidade fundindo o antigo e o novo.

A arte da capa é assinada por Raíssa Geovanna Matos. Enquanto o trabalho de produção ficou a cargo de Caio Lemos. Já a assimilação é por sua conta, embora a tarefa seja simples: perceber que está ouvindo um dos melhores discos de 2022.

Ouça Delírio Altar na íntegra a seguir:

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