Indies suecos não editavam novo material desde 2014
Por Luiz Athayde
Quem tem a felicidade de sacar o The Mary Onettes sabe que eles são uma das melhores coisas acontecidas nos últimos 20 anos. E para isso se confirmar, não precisa do aval de grandes veículos ou mesmo estamparem a lista de 10 ou 5 mais. Até porque os holofotes necessitam estarem mais acesos em tornos deles.
Mas ali no subterrâneo, nunca deixou de estar. Incluindo no Brasil, quando fizeram um giro bem-sucedido em 2012. O mesmo rendeu altas imagens, que incluisive foram usadas no videclipe de “Evil Coast”, faixa do maravilhoso álbum Hit The Waves, editado no ano seguinte.
Embora chancelados pelo carimbo Labrador, a banda nunca deixou de ser independente. Lançam material novo de acordo com o próprio tempo. O último disco cheio foi Portico, no já distante ano de 2014. E somente agora, ou melhor, em julho desse ano, resolveram dar as caras novamente com o EP What I Feel in Some Places.
A dor e a delícia de conferir mais este trabalho da rapaziada de Jönköping é que mais parece entrada de um prato principal que nunca chega. São 3 faixas desdobradas em praticamente três estilos em um. ‘What I Feel…’ abre com aquela envolvente atmosfera típica da banda, indo e vindo por um melodioso andamento esfumaçado de baixas temperaturas. Já te pega na hora.
“Mind on Fire” vem tão oitentista quanto, sem deixar de ser “bem anos 2000”, no melhor dos sentidos. Nomes como Talk Talk, Tears For Fears e The Bolshoi passam tranquilamente pelas nuvens cinzentas do registro. Agora, em “Palace”, a abordagem principal é a música etérea por vias eletrônicas. Outrora exploradas por Björk, Ulrich Schnauss e até mesmo gente do cenário chill out, diga-se.
Então, (ou) viu? Foi só isso. Com a maestria do qual vagam pelo jangle, dream e indie rock, esperava-se pelo menos mais 7, 8 faixas. Ninguém mandou Philip Ekström (vocais, guitarra), Henrik Ekström (baixo), Petter Agurén (guitarra), Simon Fransson (bateria) soltarem discos tão bons como o autointitulado de 2007, e Islands em 2009 por exemplo. Mas, principalmente, mostrarem que a sonoridade da década de 80 pode ser readaptada ao hoje sem soar datada. Lindo EP. Melhores do ano.
Ainda:
+ No curto espaço de tempo entre o álbum e o EP, os suecos lançaram os singles “Ruins” (2015), “Juna” (2016) e “Cola Falls” (2018).
+ Por falar em holofotes, a faixa “Cry For Love”, do álbum Islands, foi incluída na trilha da série da First love, da Netflix.
Ouça What I Feel in Some Places na íntegra a seguir:
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