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NewMen – Only Humans [EP]

Duo curitibano estreia com um registro conciso em uma estética envolta a incógnitas

Por Luiz Athayde

Na era digital, quanto mais informação, mais perdidos ficamos: algoritmos te dizendo a todo instante o que consumir. Levando em consideração que nos anos 80 e mesmo 90, todo o material de divulgação de uma banda ou artista era feito à mão, esperava-se ao menos saber de quem se tratava quando recebi o release do NewMen.

NewMen (Foto: Divulgação)

Bom, isso caiu por terra quando lembrei do nosso mote “only music matters”, mas sobretudo quando ouvi “Before the Sun”, música de trabalho deles. A mesma integra o EP de estreia Only Humans, disponível em todas as plataformas digitais.

O play é composto por 4 faixas, assinado pela dupla atendida por Ágah More e Koslov, de Curitiba, Paraná. E por estar sob uma base new wave, as possibilidades são infinitas; do gótico ao progressivo, do eletrônico de viés minimalista ao rock alternativo.

“After The Future”  abre o play se insinuando como uma espécie de The Cure ao modo EBM. A citada “Before…” é dark até a medula, mas surpreende pelo desfecho vocal. A impressão é que virá um canção puramente pop a seguir. Cortesia das vozes de Eliane Bataclan, que inclusive brilha em todo o trabalho.

O próximo passo é “Immobile Mountains”, trazendo uma conexão inconsciente com Boy Harsher em sua intro, mas só para adentrar em uma sensacional roupagem funkeada. Ou apenas imagine Style Council e Spandau Ballet usando ternos pretos… até o duo abrir novamente sua cartola e explodir uma massa sonora de peso e groove passeando de uma forma para lá de intricada para o ‘formato’ pós-punk. Genial.

Impedindo qualquer tentativa de rótulos e correndo dos dogmas, eis que surge a instrumental “Upload Mind”. Seria um recado subliminar do duo com os dizeres: “abra sua mente ou faremos um upload de uma” ? E assim se encerra o mini CD dos curitibanos.

Além da proposta sônica, o duo também se lança como plataforma filosófica, em especial a do transumanismo. Não à toa, há um cuidado estético por trás, enfatizando ainda mais sua incógnita.


Musicalmente, Only Humans serve para abrir portas para um estilo engessado em cartilhas e, por vezes, doses cavalares de conservadorismo, especialmente quando referido ao perímetro brasileiro. E por esse mesmo motivo, que este EP é um sopro de energia vital junto àqueles – incluindo a própria cena nacional – que buscam algo diferente, e não somente soar como uma cópia de seus ídolos. Belo começo.

Ouça abaixo, no Spotify:

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