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Você Precisa Ouvir: Brian Bennett ‎– Voyage (A Journey Into Discoid Funk) (1978)

Aperte os cintos, coloque os fones de ouvido e boa viagem

Por Luiz Athayde

Senhoras e senhores sejam bem-vindos a mais uma viagem sônica partindo da base virtual do Class Of Sounds! Não garanto chegada ao destino final, mas a jornada será pelo sinuoso caminho do funk discóide, sob o comando do capitão inglês Brian Bennett.

Nascido há 79 anos terrestres, o baterista, compositor e produtor Brian Laurence Bennett começou a carimbar seu nome na musica comandando as baquetas da lendária falange sessentista The Shadows. Como seu gosto musical ia muito além do surf music praticado pelo grupo, Bennett se viu sendo o primeiro membro a lançar um disco solo, soltando o sintomático Change of Direction em 1967, voltado exclusivamente para o jazz.

Brian Bennett

Seu leque naturalmente aumentou ao lançar mão de novas experimentações nos seus álbuns, e também por mirar nas composições de trilhas para filmes e TV, como Luxo, Jr (1986), Light & Heavy, Surprise (1991),  temas de esportes para a BBC e siticoms como Robin’s Nest, Birds of a Feather e tantos outros. Sem mencionar que Bennett também conduz orquestras; habilidade adquirida por meio de um curso à distância.

Entre todo o seu percurso discográfico, Brian Bennett realizou sua viagem mais marcante em 1978: Voyage (A Journey Into Discoid Funk). Com uma duração que beira a velocidade da luz (pouco mais de 35 minutos) no que diz respeito ao padrão de duração dos discos feitos na época, Brian acoplou os jatos propulsores acústicos da música eletrônica e inseriu um combustível funk para conduzir a viagem instrumental pela dimensão da disco music. “Voyage” abre a escotilha do seu mais novo experimento, como um anúncio de que a trip será longa e aventureira. Em mais uma inevitável conexão com o cinema, “Solstice” soa como uma maravilhosa faixa perdida de Alain Goraguer – responsável por nada menos que a trilha sonora de O Planeta Selvagem, 1973 –, mas com um balanço especi… espacial.

No meio da viagem, uma pane de cunho ‘progressivo’ é detectada pelo sistema, causando uma reação em cadeia com “Chain Reaction”, logo codificada em “Pendulum Force” com o poderoso poder do baixo – seria Peter Hook na verdade um alienígena com origens mapeadas no gráfico da discoid funk? Sabe-se lá – e usada e abusada entre tempos e contratempos na faixa suspense “Air Quake”.

“Ocean Glide” fecha com aquela sensação de que estamos diante de uma série que poderia render inúmeros episódios – quase off: o remake de Perdidos no Espaço produzido pela Netflix é um infeliz exemplo, já que, sem aviso prévio, deixou órfãos os fãs daquela história –, mas apenas esboçados e naturalmente reprocessados de outras maneiras em discos subsequentes.

Com base na disco music e de mãos dadas com o rock progressivo, do supremo Georgio Moroder ao perdido Automat, muito se fez na (e pela) música eletrônica espacial, influenciando uma gama tão absurda de nomes nas décadas seguintes (com um boom no anos 1980) que não caberia em uma enciclopédia.

Você precisa ouvir Voyage (A Journey Into Discoid Funk) por ser uma viagem sem volta e que vai ganhando novas descobertas à medida que o tempo se torna uma apenas mais uma lembrança irrelevante. Afinal, se música é para ser sentida, esta  “nave” é um achado que há muito tempo merecia orbitar nas mais importantes esferas planetárias da música – ou, nas mais empolgantes.  

Brian Bennett hoje

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