O que já era excelente, conseguiu ficar simplesmente fantástico
Por Luiz Athayde
Há discos que nascem clássicos e há clássicos que, mesmo ostentando tal título, ainda merecem uma reforma; um prédio histórico que necessita de reparos, ou um upgrade no banheiro da casa, colocando uma banheira melhor para caber mais… sangue.
Foi o que aconteceu exatos 21 anos depois com o registro que impulsionou a falange britânica sinfonicamente black metal Cradle of Filth ao estrelato. O Cruelty And The Beast de 2019 ganhou uma versão Re-Mistressed com produção assinada por Scott Atkins.
Nem sempre (para não dizer: quase nunca), remasterizações dão certo em lançamentos metálicos, mas essa exceção beira a perfeição. A crueldade foi reeditada não apenas com uma nova masterização, mas incluindo nova mixagem, como se a banda tivesse regravado todo o material, mas sem deixar suas características principais, como reiterou o líder Dani Filth:
“Cruelty And The Beast’ é considerado um marco na carreira de CRADLE OF FILTH, uma combinação de histórias atmosféricas e canções viscerais e surpreendentemente cruéis. Esta edição de 21 anos reforçou essas músicas com um peso adicional, melhorando soar consideravelmente com uma mistura mais quente e vigorosa, tornando-a um item obrigatório para fãs de longa data e para iniciantes”.
Inclusive, até a capa foi motivo de preocupação. Em conceito inspirado na sanguinária condessa húngara Elizabeth Bathory, a arte mostra uma modelo de olhos fechados e seu corpo levemente contorcido em uma banheira de sangue, diferente da original onde a mesma se encontra na banheira, com olhar fixo para o “espectador”.
Marco na carreira, e um quê de nostalgia. Há quase tanto tempo quanto o lançamento do álbum, Stuart (guitarras), Gian (guitarras), Robin Graves (baixo), Lecter (teclados) e Nicholas (bateria) já não compõem o time de músicos da empreitada de Dani. Ashok, Rick Shaw, Daniel Firth, Lindsay Schoolcraft e Marthus ocuparam os cargos e encerraram recentemente uma extensa turnê intitulada Lustmond and Tourgasm, que incluiu datas no Brasil, tocando Cruelty And The Beast na íntegra.
Na verdade, para atingir o patamar da perfeição, só faltava mesmo uma produção à altura das inspiradíssimas composições – quem vivenciou o período sabe que foi também o começo de uma onda de ódio por parte dos fãs e bandas mais radicais de black metal –, a fim de se manter no panteão dos bons sons extremos. Clássico novamente.
Ainda:
+ Como se não bastasse, o cover de “Hallowed Be Thy Name”, do Iron Maiden figurou como faixa extra no disco, devidamente “Re-Mistresed”.
Ouça Cruelty And The Beast: Re-Mistressed no Spotify: