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Foto: Pablo Astudillo Fotografias

Barry Harris: morre pianista “devoto do jazz bebop”, aos 91 anos

Músico estava internado há algumas semanas e faleceu de complicações causadas pela Covid-19

Por Luiz Athayde

Faleceu, nesta quarta-feira (08/12), o pianista norte-americano de jazz Barry Harris, aos 91 anos de idade. A notícia foi confirmada por Kira von Ostenfeld-Suske (via National Public Radio), uma das pessoas que fazia parte da equipe de apoio composta por amigos e alunos que se comprometeram a ajuda-lo nos últimos anos.

Há semanas o músico se encontrava internado no Palisades Medical Center em North Bergen, Nova Jersey, cidade onde morava, e morreu devido a complicações causadas pela Covid. Na próxima semana ele faria 92 anos.

Mais que um pianista, compositor, arranjador e líder de banda, Harris foi um educador devoto do bebop – uma das correntes mais influentes do jazz, por representar um dos maiores picos de criatividade e experimentalismo na esfera musical.

Nascido Barry Doyle Harris em 15 de dezembro de 1929, ele teve suas primeiras aulas de piano com sua mãe, uma pianista de igreja, aos 4 anos. O “insight” veio aos 17, quando ouviu o vinil 10 polegadas de Webb City, dos Be Bop Boys, do qual contava com o pianista Bud Powell, o saxofonista Sonny Stitt e o lendário trompetista Fats Navarro. Dali se deu a imersão no universo jazzístico, que consequentemente o fez emergir juntamente com a explosão do jazz moderno de Detroit, ou seja, nas décadas de 40 e 50, permanecendo firme por longos anos.

Carimbou sua marca na história ao canalizar a linguagem e o espírito de Powell, Charlie Parker, Dizzy Gillespie e Thelonious Monk, progenitores do bebop, especialmente em sua forma de ensinar, fazendo com que músicos pudessem tocar como “nativos, sem sotaque”; e isso aliado a uma generosidade extrema. Não era à toa que foi um dos nomes mais queridos do meio.

A lista de músicos importantes que estiveram sob sua tutela foi grande, dentre eles, o trompetista Donald Byrd e os saxofonistas Pepper Adams, Joe Henderson e Charles McPherson. E também baixistas, como Doug Watkins e Paul Chambers. Entre os pianistas, está Michael Weiss, que comentou: “Barry era reverenciado” […] “Ele orquestrou suas melodias e construiu suas improvisações de maneira lírica, sem pressa e fluindo livremente. Sua codificação da linguagem bebop se destaca da maioria das tentativas banais da teoria do jazz no muno acadêmico, porque vai ao cerne do que faz uma melodia.”

O âmbito discográfico não fica nada atrás, com álbuns que incluem tanto as configurações como trio, quarteto, quinteto e sexteto, quanto colaborações, do quilate de Cannonball Adderley, Sam Jones, Oscar Peterson, Al Cohn e muitos outros.

Dos frutos colhidos ao longo de sua militância pelo bebop – além de ver seus alunos despontarem –, Harris foi nomeado no NEA Jazz Master em 1989 e recebeu doutorado honorário da Northwestern University em 1995. Sua última aparição foi há menos de um mês,  justamente em um concerto celebrando o NEA Jazz Masters, no Flushing Town Hall em Nova York.

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