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…and Oceans – As in Gardens, So in Tombs

Finlandeses seguem furiosos, mas ainda mais técnicos e melodiosos

Por Luiz Athayde

Desde que a banda finlandesa de black metal,  …and Oceans, ressurgiu no cenário metálico, a expectativa para o lançamento de um novo trabalho veio em modo crescente. E de fato, não foi à toa: Cosmic World Mother (2020) trouxe seu lado mais rápido e furioso. Inédito em toda a sua discografia. Além de acertar em cheio os ouvidos de quem esperava por um subsequente de seu período industrial.

…and Oceans por M. Laakso

Passados três anos, a formação oriunda de Pietarsaari/Vaasa, na região de Ostribótnia, volta com mais um registro chancelado pela Season of Mist: As in Gardens, So in Tombs. O line-up segue com os guitarristas Timo Kontio e Teemu Saari, mais Mathias Lillmåns (vocais), Pyry Hanski (baixo), Antti Simonen (teclado), e Kauko Kuusisalo (bateria).

As gravações foram divididas entre os estúdios Necromorbus (Suécia), D-studio e SoundSpiral Audio (ambos na Finlândia), e teve produção assinada por Juho Räihä (Swallow The Sun, Before The Dawn). Os trabalhos de mixagem e masterização ficaram a cargo de Tore Stjerna, conhecido por trabalhar com correligionários como Watain, Armagedda e Chaos Omen.

A configuração sônica foi quase a mesma do registro anterior, com a diferença de trazer 10 (e não 11) faixas explorado novas ambientações. Ainda que algumas soem como nos seus primeiros dias. Intencional? Talvez. Deu certo? E como.

O primeiro exemplo se mostra na faixa-título, sabiamente escolhida para abrir o disco; ultra rápida, mas com um teor melódico “dos oceanos”. Ou melhor: é simplesmente impossível não liga-la ao fantástico The Dynamic Gallery Of Thoughts, álbum de estreia editado em 1998.

O tom atmosférico é ditado no primeiro single do álbum a ir ao ar. “The Collector and His Construct” é ainda mais rápida, e ao mesmo tempo uma das vitrines do dinamismo no som da banda. Coesa e cheia de passagens que merecem no mínimo duas audições para serem entendidas.

“Within Fire and Crystal” soa como uma típica, no ótimo sentido, faixa do …and Oceans, ou seja, cuidadosamente cadenciada, sob a viajantes ambiências de teclado. No entanto, seu desfecho soa tão rápida que parece um outtake do registro anterior.


Na sequência, “Carried on Lead Wings” sinaliza uma ponte com a escola sueca devido à sua pegada de bateria, remetida às abordagens death metal. Como a era embrionária do Dark Funeral por exemplo. Ainda assim ela cresce e toma ares majestosos, nos levando para mais uma grande viagem.

Em “Likt Törnen Genom Kött”, a banda mostra mais que uma canção cantada, aliás, gritada em sueco. Coisa que eles fizeram anteriormente com bons resultados. Tanto que retomaram com uma roupagem para lá de nostálgica: “Resolvemos explorar um pouco mais o som dos anos 90 com muitas melodias e diminuindo um pouco o ritmo”, disseram os finlandeses sobre este single.

Das conexões inevitáveis presentes aqui, eis a introdução de “Cloud Heads”, instigando o ouvinte a pensar que se trata de uma música do Cradle of Filth ou até mesmo algo de seus compatriotas, Thyrane. Mas não. É o …and Oceans agressivo e dinâmico com sempre. “Wine into Water” faz um breve retorno ao futuro abordado no clássico A.M.G.O.D. (2001) com os flashes de teclado, remetendo àquela era.

Apontando para o fim, a banda aumenta sua velocidade e a intensidade novamente em “Inverse Magnification Matrix”, uma faixa extremamente sombria, também por cortesia de seu ar sinfônico/industrial. “The Earth Canvas” (em português: “A Tela da Terra”) se conecta com a belíssima arte de capa assinada pelo desenhista francês Adrien Bousson. Como se fosse a história da humanidade do ponto de vista filosófico e poeticamente prolixo.

“Ambivalent God” cumpre o papel de encerrar o disco de forma épica, sem deixar a velocidade de lado, mas sobretudo expondo as características que fizeram do …and Oceans um nome singular neste subgênero do heavy metal.

É mais ou menos como se um artista coletasse suas melhores pinturas e criasse um novo quadro, deixando as mesmas como referência. “O que se vê no azul e no verde também se pode encontrar no vermelho”, a exemplo da letra de “The Earth Canvas”. E como As in Gardens, So in Tombs se descreve. Grande álbum.

Ouça na íntegra a seguir:

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