Franceses voltaram com um álbum curto, mas consistente como há muito não acontecia
Por Luiz Athayde
E o Alcest chega ao seu álbum de número 6. Na linha de frente desde 1999, o projeto solo de Neige (pseudônimo usado por Stéphane Paut) voltou disposto a suceder seu álbum anterior, o insosso Kodoma, com a mesma energia de sua ascensão criativa.

Spiritual Instinct soa tão intenso que bastou 6 faixas para dar conta do recado. “Les jardins de minuit” já abre sem muita conversa fiada, com a música seguindo com direito andamentos velozes, blastbeats, vocais rasgados e claro, as melodias que fizeram deste ato francês um dos grandes nomes desses novos tempos.
Ainda mais pesada, “Protection” empolga logo de cara com seus tempos e contratempos; não à toa ganhou videoclipe. Não menos cativante e que também mereceu registro audiovisual, “Sapphire” simplesmente sintetiza o Alcest de hoje: na linha tênue entre a fórmula que lhe rendeu nome e o desafio de dar um passo adiante.
“L’île des morts”, a maior faixa do registro, traz uma banda nitidamente livre para divagar na sua incansável criatividade, especialmente no que diz respeito ao extrair suas sempre inspiradas melodias vocais de orientação etérea, marca registrada de Neige.
Se há uma faixa que desenha bem o atual Zeitgeist das composições metálicas, esta é “Le miroir”. Todos os elementos usados por ascendentes nomes como Sólstafir e Borknagar estão ali – embora nada que This Mortal Coil ou Cocteau Twins nunca tivessem feito.
Como se fosse uma extensão natural de Écailles de lune, a longa faixa título passa um pano geral na sônica carreira da banda e encerrando o álbum na medida, mas deixando no ar se daqui para frente será mais do mesmo ou se virão novas mudanças como no excelente Shelter, de 2014.
Independente da resposta, Spiritual Instinct se mostra uma bela e atualizada gritaria (e guitarria) shoegazer, especialmente para fãs dos primeiros discos cheios de Neige e Winterhalter. 8 de 10.
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