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Você Precisa Ouvir: PPRY – Raising the Skeletons of Fire by Hand (2008)

O estopim da Primeira Guerra Mundial contado de um jeito espacial

Por Luiz Athayde

Manhã de domingo, em Sarajevo, capital da província austro-húngara da Bósnia e Herzegovina, por volta de 10:45h do dia 28 de junho de 1914, Francisco Fernando Carlos Luís José Maria de Áustria-Este (ufa…) e sua esposa são atacados por Gavrilo Princip, um membro do Mão Negra, grupo sérvio contrário a influêcia da Áustria Hungria na região dos Balcãs. Enquanto o príncipe do império agonizava com o pescoço perfurado pouco antes de morrer, sua esposa, atingida no abdome,  jazia no assento do carro que estavam.

Estava declarada a Primeira Guerra Mundial, que durou até 11 de novembro de 1918. Ok, mas o que isso tem a ver com música? Exceto pelos aterrorizantes sons de milhares de bombas que explodiram no conflito, nada. E foi nesse “nada”, partindo de um olhar distante, bem distante, pra lá da Exosfera, que um grupo finlandês de Riihimäki, sul do país tomou como conceito do processo criativo de seu terceiro álbum Raising the Skeletons of Fire by Hand, lançado em 2008. Ah sim, estou me referindo ao PPRY.

PPRY

Até chegar nos eventos que eclodiram a guerra, o grupo formado em 1993 por Petri Ahola (guitarra, vocais), Mika Koskela (bateria), Janne Rinnet (baixo), Tuukka Uskali (teclados, vocais) e Sami Auranen (vocais) lançaram, ainda sob o nome Project, os álbuns Project Forest (2000) e Stolen (2002) em um consistente ensaio do que viria a seguir. Skeletons…  possui apenas 6 faixas, mas com passagens e nuances que poderiam render pelo menos mais 5; fruto das típicas viagens oriundas de falanges progressivas da década de 70.

“The Procession Forms” é o que os alemães do Eloy seriam se ainda existissem – de preferência em outra galáxia. “A Passage to the Court Prevails” revela o denominador comum entre as bandas finlandesas: o Folk. Mas o grupo deixou o lado mais “sideral” para o final; “As a Single Word Sets Forthan Ocean of Souls” é um mergulho sem volta ao Space Rock através de um híbrido de camadas sônicas (obrigado, Uskali!) que lhe impedem de esboçar qualquer sinal de tempo do qual foi originado.

As jams que ouvimos nos velhos discos do Pink Floyd estão ali, mas apenas no sentido figurado. Mesmo para a esfera progressiva, PPRY soa como ninguém, seja pelo convencional ou pelo esquisito.  Você precisa ouvir Raising the Skeletons of Fire by Hand porque vai além da raridade – de fato, como parecem ter feito música pela arte, a preocupação com a divulgação do material foi praticamente nula, tanto que após anos sem registros virtuais, exceto pelo Myspace, o tecladista postou, em um lapso de caridade, todos os álbuns no Youtube, além de finalmente constar no Spotify (abaixo) – e pelo cliché de descobrir novos sons a cada audição; além de ser uma viagem garantida, independente do uso ou não de susbtâncias psicoativas.

PPRY só não é uma banda clássica porque nasceu anos luz da era de ouro do rock espacial, e mesmo a vigente onda psicodélica que tomou o meio indie, se encontra em uma órbita completamente diferente dos finlandeses, rendendo status de asteroide perdido no espaço-tempo; SOM.

Ouça Raising the Skeletons of Fire by Hand:

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