Mais um clássico perdido da terra das massas
Por Luiz Athayde
Itália! Terra das massas, laringes de decibéis maiores e, dentre muitas coisas boas (e ruins), dos sons obscuros, e dos mais variados gêneros – do metal ao punk. Neste caso, pós. Darkwave, synthpop. Com muita pegada. Singular, diria.
Na metade dos anos 1980, Florença já ostentava uma curiosa cena new wave, tendo como pilares de sustentação Litfiba e Diaframma, mas nada tão pulsante feito pela mente mestre Marcello Michelotti (vocais, sintetizadores e afins), Ranieri Cerelli (guitarra), Roberto Federighi (bateria) e Piero Balleggi no que chamaram de Neon.
Entre sua gênese em 1979 e seu álbum de estreia, diversas mudanças na formação, mas principalmente singles e EPs que deixaram pegadas de neon no escuro caminho dos sons italianos de orientação eletrônica (e acústica), com “Informations of Death”, “Tapes of Darkness”, “Obsessions” e a groovíssima “My Blues is You”, de 1983 e relançada em uma nova versão para o enfim, disco cheio Rituals, em 1985, pelo carimbo Kindergarten Records.
Diferente do provincianismo sempre presente em terras brasileiras, (lá) o sobrenome serviu para alguma coisa. E que “coisa”. Com produção e mixagem assinada por Fabrizio Federighi, irmão de Roberto, no Kindergarten Studios, o álbum sintetiza o que é som dark, e ainda assim, de pista.
Mas, apesar de promissor, Rituals não alcançou projeção à altura de suas composições. Aliado a isso, as constantes mudanças de formação atrapalharam o caminho do grupo – entre 1982 e 1988 mais de dez integrantes passaram pela banda; uma verdadeira feira –, ainda assim, ameaçaram um retorno em 2008 com direito a um registro de inéditas, e claro, o relançamento da estreia sônica no ano seguinte, contando com versões de algumas músicas já conhecidas como bônus.
Bom, vamos lá: você precisa ouvir Rituals por ser uma oportunidade única – lançando mão de uma das características mais marcantes dos italianos, o drama – de ouvir uma falange fora do circuito tradicional do dito darkwave, já que o mapa do mesmo geralmente aponta para países como Inglaterra e Alemanha; mas principalmente por estarmos diante de um dos registros mais empolgantes da classe de 1985, e olha que muitos álbuns seminais foram lançados naquele ano.
Ah, e também por se tratar de uma pequena raridade; desta vez não foi encontrado nenhum link nas plataformas digitais. Para sacar, somente via Youtube mesmo ou ainda, para adictos, nos blogs de download da vida e no mercado de colecionadores, a aproximadamente 100 paus.