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This Eternal Decay – ABS​Ø​LUTI​Ø​N

Italianos voltaram com um álbum ainda mais forte que o anterior

Por Luiz Athayde

Uma das coisas mais legais na descentralização do pós-punk e suas variantes do Reino Unido e claro, a expansão do universo digital, é poder conferir uma gama enorme de bandas de diferentes partes do mundo. E mais importante: boas, muito boas.

This Eternal Decay (Foto: Eliana Giaccheri)

O grupo romano This Eternal Decay é uma dessas gratas surpresas. Seu primeiro trabalho, I Choose an Eternity of This, data de 2018, e nem preciso dizer que o prisma seguido é naturalmente o dos progenitores do gênero; Joy Division, Killing Joke, Bauhaus. E alguns tons de The Cure.

Anos depois, melhor, na classe de 2023, a base de influências segue a mesma, mas adicionada à boas doses de sons eletrônicos oriundos do darkwave, e também de experiência. Me refiro ao álbum ABS​Ø​LUTI​Ø​N, disponível ambos nos formatos CD e digital.

A assinatura é do line-up composto por Riccardo Sabetti (Spiral69), Pasquale Vico (Date at Midnight), Andrea Freda (Spiritual Front) e Alessio Schiavi (Avant-Garde), ou seja, gente com um histórico notável de bandas.

Os trabalhos de produção e mixagem são de Sabetti, do registro gravado durante o ano de 2022, no Big Room Studios em Roma. E vale dizer que esse foi o mesmo ano de lançamento do álbum Nocturnæ, o que mostra uma banda ebulição para compor.

Ok, mas e as músicas? Aí que vem a melhor parte: onze faixas desprovidas do fator tédio, graças ao forte apelo darkwave em comparação às antigas abordagens industriais. Mais que isso, é neste registro que você encontra a banda com uma marca própria. Ou italiana – a exemplo de “That Night”, se mostrando como uma faixa ‘irmã’ dos compatriotas Zephiro.

Mas é em “Everything” que a falange romana mostra a que veio: direta ao ponto. “The Heart of a Lover” sinaliza para o eletrônico de forma singular ao mesclar com o rock gótico. Não obstante, “Monochrome” mergulha de vez nos sintetizadores, instigando a expectativa do ouvinte para qual lado eles irão. Neste caso, uma via disco music rápida, sombria e furiosa.

“Getting Deeper” é outro colírio gótico nos olhos de quem enxerga a escola que ganhou vida nos anos 90, como Rosetta Stone, Children on Stun e Nosferatu (embora este do fim dos 80).

Na sequência, “I’m Deranged” faz um leve aceno psicodélico ao naipe do cast do icônico selo 4AD, especialmente Cocteau Twins e Dif Juz. Porém, é apenas o interlúdio para “Perfection”; uma espécie de versão futurista para a banda de Andrew Eldritch (The Sisters of Mercy). Sabiamente, foi um dos singles que anteciparam o lançamento do disco.


Quando você acha que não dá para ficar melhor, eles vêm com mais uma simbiose fantástica entre guitarras distorcidas e sintetizadores. “Colours” é aquele tipo de canção feita sob medida para eclodir ao vivo. Ou nas pistas de dança, já que se trata de uma ode ao dark. “Love+Curse” vai pelo mesmo caminho, mas com um quê de pop.

Próximo do fim, “A Kiss (Into the Void)” traz aquele típico riff cavalgado, mais conhecido pelo Fields of the Nephilim, e com um arranjo mais melódico, mesmo com os vocais ainda deixando claro que a banda se encontra nas sombras. Já a faixa-título encerra de um jeito denso e climático, bem ao modo “Cureano”.

Se fosse para indicar um álbum para se iniciar em This Eternal Decay, eu facilmente escolheria ABS​Ø​LUTI​Ø​N. Ainda que a discografia esteja em construção – e valha muito a pena, diga-se –, este soa mais sólido, bem produzido e com músicas mais inspiradas.

Como sempre, não damos notas para resenhas. Se o disco está aqui é porque no mínimo você deve ouvir. Aliás, não perca tempo, faça isso agora:

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