Do punk ao heavy metal, álbum definiu novos paradigmas dentro do jovem gênero musical chamado ‘Rock and Roll’
Por Luiz Athayde
Há boas décadas, um dos álbuns “norte” de muitas bandas era lançado. The Stooges, disco de estreia desta falange homônima de Ann Arbor, Michigan é um dos principais itens da árvore genealógica do rock – embora sua influência tenha ultrapassado essa barreira ao longo dos anos.
Composto pelos irmãos Asheton – Ron, guitarras e Scott na bateria – mais Dave Alexander (baixo) e sua figura máxima, o “padrinho do punk” Iggy Pop, o grupo já tinha contrato assinado com a Elektra, e inicialmente, John Cale (The Velvet Underground) assinou a produção. No entanto, devido a desaprovação da mixagem por parte dos músicos e da gravadora, o disco logo foi descartado.
Quem assumiu o posto foi próprio dono da Elektra. Algumas músicas, já conhecidas pelo público, foram gravadas. A exemplo de “No Fun”, “I Wanna Be Your Dog”, “1969”, “Ann” e “We Will Fall”. Seria somente isso, até a gravadora dizer que não havia quantidade suficiente para compor um álbum.
Em nota no relançamento de 2005 do disco, Iggy Pop disse:
“Fizemos uma audição [da versão de sete músicas do álbum] ao vivo no estúdio e eles a recusaram. Jac Holzman, diretor da Elektra Records, foi citado dizendo: ‘Essas três faixas (“1969”, “I Wanna Be Your Dog”, “No Fun”) são tudo o que vocês têm? Vocês têm material suficiente? Vocês têm mais músicas?” Ron Asheton respondeu: “Sim, acabamos de lhe mostrar uma parte da torta. Temos várias outras músicas”.
Antes de deixar a sala de controle do estúdio de gravação da Hit Factory, Holzman teria dito sua famosa frase ao grupo: “É bom ouvir isso. Vocês têm 5 dias”.
Daí entraram: “Little Doll”, “Not Right”, “We Will Fall” e “Real Cool Time”.
No tempo que esteve ativo, o The Stooges não foi uma banda campeã de vendas, especialmente em sua era de ouro. Seu legado seria construído somente anos depois deste álbum, que até hoje é uma espécie de bússola para bandas que vão do punk – que inclusive se tornariam referências dentro do estilo, como Ramones, The Clash, Sex Pistols e The Damned – ao heavy metal.
O que dizer da “Slayerana” versão para “I’m Gonna Be Your God”? Fora a quantidade imensurável de grupos pós-punk/góticos que se formaram graças as faixas “Ann” e “We Will Fall”.
Tendo o tempo ao seu lado, o óbvio: notas altíssimas nos principais veículos musicais (físicos e digitais com Spin, AllMusic, Pitchfork Media, Rolling Stone, Spin e outros. “Eles não soavam parecidos com ninguém quando seu álbum alcançou as ruas em 1969”, disse Mark Deming para o All Music.
Ainda: The Stooges (como mencionado acima) ganhou um relançamento em 2005. Desta vez pelos carimbos Elektra e a Rhino Records – esta especialista em reedições caprichadas, diga-se – em CD duplo, com a versão remasterizada do álbum no disco 1, e takes alternativos no disco 2.
Em 2010, nova edição. No dia 7 de maio daquele ano, o disco saiu pela série “Handmade” da Rhino Records com uma edição de colecionador incluindo dois CDs, um vinil 7 polegadas e um belo livreto.
Mas a grande novidade deste repress são as versões mixadas por John Cale. Já no compacto consta uma versão inédita de “Asthma Attack”, cadeira cativa nos shows da banda na época.
No Brasil, The Stooges saiu em 1980 pela WEA Discos, e é um item raríssimo de se encontrar.