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Tau Cross: supergrupo é dispensado da Relapse por ligação com a extrema-direita

Fato ocorreu após gravadora descobrir agradecimentos do vocalista Rob Miller ao ativista de extrema-direita Gerard Menuhin. Entenda o caso

Por Luiz Athayde

Deu ruim no crust. E muito. Tau Cross, supergrupo formado por integrantes do Voivod, Misery, War/Plague, Amebix e Frustration tiveram uma surpresa desagradável ao ter o lançamento do álbum cancelado pela Relapse Records. No encarte do álbum Messengers of Deception o vocalista Rob Miller (Amebix) agradeceu Gerard Menuhin, um ativista de extrema-direita conhecido por negar o Holocausto, além de ser colunista panfletário do National Zeitung. O ativista também teve um livro editado em 2015 chamado Tell The Truth and Shame The Devil, onde faz sua interpretação pessoal do papel da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, isentando a mesma de qualquer culpa pelas atrocidades cometidas.

Em nota para a Metal Injection, o gerente da Relapse Reynold Jaffe alega que tanto a gravadora quanto o restante da banda desconheciam a figura de Gerard Menuhin.

Leia:

“No final de semana, a revista alemã OxFanzine chamou a atenção para o fato de que uma pessoa chamada Gerard Menuhin foi proeminentemente agradecida no novo álbum do Tau Cross e creditado especificamente nas notas do encarte por inspirar Rob Miller. Todos os registros da Relapse passam por um vigoroso processo de revisão –  verificando erros de ortografia e pontuação, principalmente. Todos nós lemos esse nome, mas não o reconhecemos ou achamos que era nada além de um outro amigo pessoal da banda, que não conhecíamos. Ox Fanzine entretanto reconheceu o nome como um teórico conspiracionista da extrema-direita, focado especificamente na negação do Holocausto. De repente, as letras e temas do novo disco foram lançados sob uma nova luz para mim. Falei com Rob Miller, que é o indivíduo da banda que Ox estava entrevistando, e embora ele negasse ser um negador do Holocausto, eu não posso trabalhar confortavelmente ou vender um disco que brinque com ideologias como essas. Há certas questões que se erguem acima de meras diferenças políticas e esta é uma delas. Falei com o resto da banda na segunda-feira, e NENHUM deles tinha alguma ideia de quem era Gerard Menuhin, e ficaram tão chocados com essas referências no álbum quanto nós na gravadora. Acredito firmemente que essas referências e menções no registro não representam a banda como um todo, mas apenas Rob Miller. À luz de tudo isso, a Relapse decidiu rapidamente que não poderíamos avançar com este álbum – devolvemos as masters à banda, juntamente com o resto do catálogo deles.”

Os outros integrantes da banda também soltaram uma nota, inclusive sem demonstrar mágoas com a gravadora pelo ocorrido:

“Esta é uma declaração de Michel, Andy, Jon e Tom sobre os recentes eventos com a Tau Cross e Relapse Records.

Na segunda-feira, 1º de julho, nós quatro recebemos um e-mail muito preocupante da Relapse, informando que eles não lançariam nosso próximo álbum e não vinculariam nenhum trabalho anterior. Dizer que fomos surpreendidos por esta notícia é um eufemismo.

Durante a produção inicial do álbum, nos pediram individualmente para fornecer nossa lista de agradecimentos, que para nós consistia em família e amigos.

Agora, nós quatro fomos informados que Rob Miller enviou um agradecimento a um notório autor de extrema-direita que nenhum de nós conhece. Nós prontamente pesquisamos a história deste autor e somos inflexivelmente contra qualquer coisa relacionada a esse tipo de fealdade. Fomos vigilantes em nossas tentativas de obter respostas sobre o motivo pelo qual isso aconteceu e, francamente, como isso poderia acontecer considerando nosso histórico e nossas crenças.

Estamos todos arrasados. Nós trabalhamos muito neste álbum – ter algo dessa natureza destruído é absolutamente devastador. Para muitos de vocês que nos conhecem, vocês estão conscientes de que somos sinceros e honestos conosco mesmos e com o mundo. Tau Cross foi uma saída para nós experimentarmos o amor e a paixão que todos temos, enquanto permanecemos fiéis às nossas crenças e ideais. É verdadeiramente além da compreensão ver isso tomar esse rumo inesperado.

Com isso, queremos ampliar nosso amor e apreço pela Relapse Records e por todos os nossos amigos e familiares que nos apoiaram.

Com amor e luz,

Michel, Andy, Jon e Tom”

Em sua página pessoal no Facebook um dos fundadores do Amebix e irmão de Rob, Stig Miller

“Não gosto de compartilhar coisas pessoais on-line, mas Arte e Música é pessoal, não é? então aqui vai…

Ao contrário da crença popular, eu não vejo meu irmão Rob cara a cara há cerca de 8 anos desde o lançamento do último álbum Amebix de 2011 ‘Sonic Mass’… isso tudo se tornou estressante e eu tive que “me afastar” deixar rolar pelo bem de minha saúde na época, mas isso não significa que eu vou esperar sentado e deixar que todos os recentes acontecimentos com a Tau Cross contaminem décadas de trabalho com o Amebix.

Os boatos da internet parecem sugerir que o Amebix era secretamente uma espécie de merdinhas simpatizantes de imbecis da porra do nazismo! Isto é uma completa besteira!

Eu não acompanhei Tau Cross ou o seu progresso, mas me sinto mal pelos outros membros e, quanto ao comportamento do meus irmão… Eu realmente não sei o que dizer sobre isso, além de ficar chocado.

Quanto ao autor, eu pessoalmente não tocaria nele nem com um pau de merda.

Seguramente, como espécie em evolução, temos que reconhecer o horror do passado para não voltar a acontecer.

Lamento a todos os fãs de música que foram prejudicados por isso.

Stig

co-fundador Amebix”

Por outro lado, em meio a toda a controvérsia, Rob Miller se limitou a dizer que continuará com a banda. “Os membros restantes provavelmente sairão por conta própria e são encorajados a fazê-lo caso se sintam pressionados, mas há um lugar bem-vindo para alguém corajoso o suficiente para ficar.”, disse ao Brooklyn Vegan.

Tau Cross nasceu em 2015 como um mix de influências que vão do pós-punk ao thrash metal, com bandas como Killing Joke, Joy Division, Black Sabbath e Pink Floyd citadas como algumas das várias influências. O cancelado álbum Messengers of Deception sucede Pillar of Fire, lançado em 2017.

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