Rock Alternativo Aussie de alto quilate e baixas temperaturas
Por Luiz Athayde
Nem só do calor escaldante vive a Austrália. Conhecida por suas belíssima (e exótica) fauna, flora e suas maravilhosas bandas de surf music oriundas dos anos 80 – dentre muitas outras coisas – aquela enorme ilha vem sofrendo uma nova erupção de grupos no cenário alternativo. E daí você pode imaginar o que quiser; rock progressivo, psicodelia, post-rock…
E subgêneros que remetem nossos ouvindos à temperaturas, digamos, mais refrescantes, como é o caso do projeto capitaneado pelo produtor, vocalista e multi-instrumentista Joe Agius. Em outras palavras: RINSE.
Ao menos até o momento, o nome do músico Aussie é mais familiarizado com os trabalhos prestados na banda de Hatchie; algo entre o dream, o pop e umas pinceladas etéreas. E é aqui que reside o ouro. Após lançar três singles bombásticos (e alguns remixes), a cria de Brisbane enfim soltou o aguardado (por aqui no Class of Sounds), EP de estreia Wherever I Am.
Juntar referências e produzir algo que exploda os ouvidos não é nenhuma novidade, mas alguns resultados realmente empolgam. Sem o menor medo de queimar a largada, no começo do ano passado “Tell Me Tell Me Tell Me” tomou de assalto ouvidos mais sensíveis a grudes. Seu andamento traz aquela urgência pop, mas com a maestria harmônica entre guitarras e teclados; além da voz direcionada aos ventos.
E por falar na amiga Harriette Pilbeam (Hatchie), ela aparece no exato momento em que, no sonho de Agius, rola um encontro inusitado entre Lush e The Cure. Mas a viagem tem nome: “Back Into Your Arms”.
“Without You” baixa ainda mais as bolas com um clima tão pop quanto etéreo, em mais um refrão de laçar o ouvinte de imediato pela sua abordagem quase celestial. Ainda sobre trip das boas, “What Hell I’m In” pode agradar fãs de Beatles e Pink Floyd, embora qualquer comparação seja no mínimo absurda.
Outro single que viu a luz do dia antes do lançamento do álbum foi “Tamaryn (Wherever I Am)”. Mais conexões com Robert Smith e cia em seus momentos mais dreampop. “Trust In Me” já é praticamente uma faixa bônus, que inclusive se encaixaria perfeitamente como algum single de retorno dos shoegazers ingleses do Ride.
Ainda assim, recomenda-se ouvir com uma banda nova que é, cheia de energia e com muita estrada para rodar. E mesmo que não seja o caso, vale, e muito, por ser um resumão shoegaze/dreampop/ethereal influenciado por saudosos (Cocteau Twins, Chapterhouse e o já citado Lush) e por gente das antigas que ainda se encontra ou voltaram à ativa.
E olha, apesar de conciso, nem parece um Extended Play. Muito bom.
Ouça Wherever I Am pelo Spotify.