Músico americano finaliza a classe de 2022 com uma pequena peça intricada, mas palatável
Por Luiz Athayde
Sempre que recebo material jazz que traz o “progressive” ali no meio de sua descrição, devo confessar que o radar fica mais ligado. Isso porque costuma ser uma mistura tão certeira como o nosso arroz com feijão.
E foi: Me and John é o nome do trabalho inteiramente assinado pelo músico americano Bill Pisano, aqui sob a alcunha Pisazz (Pisano + Jazz). Mas, como dito acima, esse estilo apenas integra parte de algo que pode ser considerado maior, tendo em vista sua variedade de influências.
O prisma seguido pelo registro é basicamente o de seminais como Chick Corea, Bill Bruford e Pat Metheny, com nuances que vão do clássico à atmosfera proferida pelo krautrock. Em 8 faixas – que por vezes parecem mais –, Pisano leva o ouvinte à uma viagem praticamente de ida. A começar pela sua instigante e dinâmica “The Missing Leftover”. E “Barns”, onde ele mostra que dá para ser ‘complicado e acessível’ ao mesmo tempo.
Já em “Nemo Saltat Sobrius”, o multi-instrumentista mostra seu inconsciente lado (Frank) Zappa, enquanto na “Cods” o mote é uma leve ideia de como seria o AOR se mais inserido no rock progressivo.
Em suma, o céu é o limite para quem toca jazz por vias livres, ainda que configurado na duração de discos de música pop, ou seja, composições com menos de 10 minutos. Mas não se engane. O grande atrativo de Me and John é justamente esse: de revelar muitas possibilidades em tão pouco tempo, e, de forma subliminar, te fazer apertar o repeat.
Disco dos bons que se deixar, vagará pelo subterrâneo, mas não do lado de cá. E daí também, por saber que você ouvirá na íntegra logo a seguir: