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Foto: Divulgação/Press

Lol Tolhurst (The Cure), Budgie (Siouxsie and the Banshees) e Jacknife Lee formam supergrupo e lançam o single “Los Angeles”

Agendado para novembro via PIAS, álbum homônimo ainda conta com uma série de convidados especiais

Por Luiz Athayde e Diego Rodriguez

Supergrupos em voga? Que assim seja. Eis mais um de peso, dessa vez vindo da esfera gótica. Ou próximo disso: os bateristas Lol Tolhurst (ex-The Cure), Budgie (ex-Sioxsie and the Banshees) e o produtor Jacknife Lee uniram forças e geraram o álbum Los Angeles, agendado para sair em 3 de novembro sob o carimbo da Play It Again Sam.

Lol Tolhurst e Budgie nos anos 80. (Foto: Reprodução/Budgie)

Como se espera de um anuncio de tal quilate, o primeiro single se encontra disponível para degustação. Se trata da faixa-título do disco, disponível logo abaixo (na matéria).

O mesmo traz a participação especial de James Murphy, do LCD Soundsytem, onde denota o sombrio da cidade americana, narrada pela banda como um lugar que “come seus filhos” em uma luta pela sobrevivência.

Musicalmente ela é essencialmente eletrônica e percussiva, como se pudéssemos visualizar o tal banquete antropofágico.

Murphy figura um de uma série de convidados presentes no álbum, que inclui nomes como Bobby Gillespie (Primal Scream), The Edge (U2), Mark Bowen (IDLES), Arrow de Wilde (Starcrawler), Isaac Brock, o vanguardista dos direitos civis Lonnie Holley, e Mary Lattimore.

Um trabalho conjunto entre Lol e Budgie em 2023 chega ser uma surpresa, tendo em vista que os dois são amigos desde 1979. Ou seja, quando suas ex-bandas mal passavam de seus respectivos períodos embrionários.

A gênese da banda data de antes da pandemia da Covid-19. Em entrevista exclusiva para o New Music Express, Tolhurst faz curiosas revelações. Inclusive acerca do line-up pretendido:

“Originalmente, Kevin Haskins, do Bauhaus, participaria do disco, mas ele teve que sair para tocar com a banda [que anunciou seu retorno em 2019]”, contou.

Lol Tolhurst (The Cure), Budgie (Sioxsie and the Banshees) e Kevin Haskins (Bauhaus): bola na trave ou quase um supergrupo. (Foto: Joe Wong)

“A ideia inicial era ser algo como The Three Tenors, mas The Three Drummers – não poderíamos ter cantores. Budgie terminou sua turnê com John Grant, eu tenho alguns amigos no litoral, então enchi meu carro de coisas para fazer barulho, fomos até lá e incomodamos os vizinhos por um tempo e criamos algumas coisas.”

Outra curiosidade envolve o local de gravação do projeto: “Todos os bateristas são amigos, por isso sou amigo do baterista do Mötley Crüe, Tommy Lee. Ele tem uma casa grande com um belo estúdio. Fomos até lá e ele disse: ‘Não se preocupem em levar bateria, porque tenho um monte delas’ – e ele estava certo. Fizemos um ótimo trabalho lá”, disse o ex-The Cure.

Budgie acrescenta: “Começamos a mixar, tivemos um cantor por um tempo, mas não soou bem. Pensamos: ‘Ah, bem’, e então Lol mencionou Jacknife.”

Mas onde Jacknife Lee entra nessa? Lol explica a seguir: “Eu já conhecia Jacknife socialmente, pois ele mora perto de mim. Levei o disco rígido com todo o material que fizemos e disse: “O que podemos fazer com isso?” Ele ouviu e disse: “Vamos começar de novo”.”

Ele continua: “Budgie voltou e ficou em minha casa por cerca de duas ou três semanas, íamos à casa de Jacknife todos os dias e começamos a trabalhar de uma forma que eu não fazia há anos. Jacknife é um verdadeiro audiófilo e tem cerca de 20 milhões de LPs, com 20 ou 30 chegando todos os dias pelo correio. Nós nos sentávamos, tomávamos café e ouvíamos música.”

Jacknife Lee (Foto: Esmè Lee & Jackie Radinsky)

Sobre os convidados selecionados para a estreia discográfica, Lol foi seguro: “Escolhemos as pessoas certas”. Já Budgie contou mais:

“Estávamos prestes a entrar em lockdown e estávamos conversando sobre o que fazer com esses instrumentais longos, e o primeiro plano era apenas enviá-los para quem quisesse ouvir. Eu conhecia Bobby Gillespie há anos, mas tive uma boa conversa com ele em um festival. Já havia encontrado James nos bastidores do T In The Park.”

Inclusive o mesmo também comenta a participação de The Edge. Quando perguntado o que o guitarrista do U2 trouxe para o disco, ex-Banshee meteu o sincerão:

“Sua notoriedade! Ficamos surpresos com o fato de ele ter tido tempo ou disposição para pensar nisso. Jacknife estava trabalhando com Bono e The Edge mora no topo da colina ao lado. Eu o encontrei algumas vezes de passagem em um hotel ou no Soho ou algo assim, e ele sempre teve tempo para vir, cumprimentar e ser acessível. Sempre tive a sensação de que The Edge encontrava tempo para ouvir o que estávamos fazendo e tocar guitarra após guitarra. Não é a guitarra que você espera. Sei que ele citou John McGeoch, dos primeiros Banshees, como uma influência. Foi bom trazer esse ciclo para o álbum.”

Tolhust, por sua vez, faz um complemento importante: “Edge sempre fez coisas fora do U2 que são mais experimentais. Ele tocou com Jah Wobble, então sua mentalidade é mais parecida com a nossa.”

Como o álbum só verá a luz do dia no penúltimo mês do ano, nada mais justo do que tentar extrair algo relacionado à sua sonoridade. Embora o núcleo criativo seja oriundo do pós-punk, sua esfera é notavelmente muito mais ampla.

Ao responder sobre a química envolvendo dois bateristas e um produtor, Tolhurst deu uma breve rebobinada na linha do tempo das bandas. “Eu sabia que [Budgie] estava certo quando ele começou a me lembrar da maneira como trabalhávamos no início do The Cure. Fazíamos essas músicas trípticas que duravam 10 ou 15 minutos e, em seguida, pegávamos as melhores partes para transformá-las em uma única música.”

“Essa é uma maneira muito natural de fazer as coisas, e uma maneira que eu não fazia desde que era adolescente. Naquela época, íamos para a casa do Robert [Smith, vocalista] e ensaiávamos três dias por semana, sentávamos na sala e tocávamos”, acrescenta.

The Cure e Siouxsie and the Banshees: amizade antiga. (Foto: Reprodução)

E conclui: “Se você observar a história do The Cure e do The Banshees, verá que mudávamos as coisas o tempo todo. A música é a única forma de arte em que se espera que as pessoas criem coisas da mesma forma repetidamente. Ninguém espera que um pintor pinte o mesmo quadro. O que descobrimos com Jacknife foi que tínhamos uma boa comunicação.”

No entanto, o título do álbum poderia até soar clichê ou algo trivial. É quando, como mencionado acima através do single, que Tolhurst joga tudo por terra antes de se aprofundar no assunto: “Moro aqui há quase 30 anos e, para mim, tem sido uma experiência completamente diferente da de outras pessoas.

“Muitos vêm para cá para ver o brilho e o glamour ou para serem descobertas, ou podem ser descobertas e depois destruídas ou simplesmente destruídas. Eu vim para cá e encontrei aceitação e amor, o que eu não tinha antes. Encontrei a comunidade de que precisava para ser quem eu sou. As letras voltaram e eles estavam escrevendo sobre todos os diferentes aspectos de viver em Los Angeles ou de viver durante a pandemia. Odeio usar o termo ‘álbum conceitual’ porque jogamos isso fora com o punk, mas há um conceito nele. É uma história”.

Ao endossar o que foi dito, Budgie conta que “o conceito foi inesperado e nos foi dado. Desde os primeiros dias em que fazíamos dois shows por dia durante três noites no The Whiskey e depois voltávamos para o Tropicana para pegar uma carona até o mar, Los Angeles sempre foi um lugar louco para mim – e um ótimo lugar para começar um projeto.”

Aproveitando que o The Cure está na iminência de lançar o seu tão aguardado Songs Of A Lost World, Tolhurst foi perguntado se poderia dizer algo.

“Não sei. Eu vi Robert e seus companheiros há algumas semanas. Eles foram à minha cidade natal para tocar. Tivemos uma breve conversa sobre as coisas e tenho certeza de que o álbum deles será lançado em breve. Foi uma conversa agradável. Foi como estar de volta a um pub em 1977. Estamos muito animados para lançar esse álbum em novembro.”

A pré-venda de Los Angeles, álbum de estreia do trio Lol Tolhurst x Budgie x Jacknife Lee já está valendo em CD e vinil duplo. Acesse este link.

Confira o single a seguir, e mais detalhes incluindo capa e a lista completa de faixas.


01. This Is What It Is (To Be Free) [featuring Bobby Gillespie]
02. Los Angeles [featuring James Murphy]
03. Uh Oh [featuring Arrow de Wilde and Mark Bowen (Idles)]
04. Ghosted At Home [featuring Bobby Gillespie]
05. Train With No Station [featuring The Edge]
06. Bodies [featuring Lonnie Holley and Mary Lattimore]
07. Everything And Nothing
08. Travel Channel [featuring Pam Amsterdam]
09. Country of the Blind [featuring Bobby Gillespie]
10. The Past (Being Eaten)
11. We Got To Move [featuring Isaac Brock]
12. Noche Ocsura [featuring The Edge]
13. Skins [featuring James Murphy]

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