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The Danse Society – Sailing Mirrors

A descaracterização da formação clássica não impediu a banda de criar um dos álbuns mais consistentes da carreira

Por Luiz Athayde

Primeiramente: esqueça o The Danse Society  com Steve Rawlings e aquela formação que gravou trabalhos maravilhosos e essenciais do post-punk/gothic rock, como Seduction e Heaven is Waiting; esta é uma outra sociedade, e sobretudo, uma outra dança.

Mas isso não quer dizer que a maneira de dançar seja movida por uma outra música. Não, é a mesma, mas revigorada, e com toda a coragem do mundo para olhar para a frente.

Paul Nash e o The Danse Society pelas lentes de Paul J. James

Quem carrega a tocha é o guitarrista Paul Nash, única constante na banda inglesa formada em Barnsley, South Yorkshire, na classe de 1980. Com ele, a vocalista Maethelyiah, desde 2011, tendo gravado os álbuns Change of Skin (2011), Scarey Tales (2013) e VI (2015), ou seja, não precisa provar nada para ninguém. Completam a brigada Sam Bollands (teclados), Jack Cooper (baixo) e Tom Davenport (bateria).

Após um hiato de cinco anos em relação ao último álbum, a banda chega com Sailing Mirrors, editado pelo carimbo Society Records. E logo em “Danse Away Your Love” percebe-se que as características sonoras se mantiveram intactas, daí você se pergunta se não estamos nos anos 80.

Mas isso é apenas o começo. A faixa título evoca a contemporânea Siouxsie & the Banshees em seu momento mais etéreo e ao mesmo tempo, experimental; seguida de Valerio’s Theme, com sua pegada mais direta ao ponto. Não à toa foi escolhida como música de trabalho com direito a produção videoclíptica. Rock gótico clássico.

Na sequência, a fantástica  “Hiding in Plain Sight”. Imagine um papo entre Björk, Siouxsie Sioux e Bill Evans no pub mais bacana da cidade. Pós-punk torto, ou aquele jazz de conexões mais etílicas… Grande faixa.

Fãs da classe de 86 provavelmente irão se deleitar com “Kill U Later”, com seu andamento pegajoso e guitarras melancólicas. Já “And I Wonder If” dá aquela pisada no freio ao apostar em nuances novamente etéreas. Aqui a viagem é garantida.

“Invincible” traz ecos notáveis de Killing Joke, mas com a diferença fundamental nos vocais; ao invés da rouquidão de Jaz Coleman, temos a voz fantasmagórica de Maethelyiah para dar todo o clima à canção. Para manter o fator surpresa no disco, “Hypnotise” aparece com um teor mais alternativo, remetendo indiretamente a fase mais recente do The Cure, ainda que na sua essência, soe como o (novo) Danse Society.

Por último e não menos importante “We Fall” consegue a proeza de acenar para as raízes e, ainda assim, se manter atual – e sem soar uma mera cópia de si mesmo.

Se por um lado temos os contras, como um line-up totalmente diferente do que os fãs mais puristas estão acostumados e claro, a pandemia que parece estar longe de acabar, o lado a favor é a banda ter apresentado seu registro mais consistente com essa nova encarnação; além de ser um belo recado sonoro aos do contra: “Estamos vivos e dançando!”

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