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King Gizzard & The Lizard Wizard – PetroDragonic Apocalypse; or, Dawn of Eternal Night An Annihilation of Planet Earth and the Beginning of Merciless Damnation

Nova ingressão na esfera metálica empolga pela consistência e segurança

Por Luiz Athayde

A essa altura, o mínimo que se espera do King Gizzard & The Lizard Wizard é o fator surpresa. E só para variar um pouco, foi exatamente o que essa brigada de Melbourne, Austrália, apresentou à classe de 2023, no seu (respire e leia): PetroDragonic Apocalypse; or, Dawn of Eternal Night An Annihilation of Planet Earth and the Beginning of Merciless Damnation.

King Gizzard & The Lizard Wizard (Foto: Jason Galea)

Se trata de um retorno mais profundo no terreno do thrash metal, algo que eles esboçaram – e muito bem, diga-se – em Infest the Rats’ Nest (2019). Só que aqui o nível é mais alto; dos timbres às composições. E também nos trabalhos de produção/mixagem, engenharia de gravação e masterização, respectivamente assinados por Stu Mackenzie, Nico Wilson e Joe Carra.  

Ainda assim, o conjunto da obra se difere das formações metálicas que os influenciaram. Junte isso, o fato de ser uma banda vinda do cenário alternativo. E isso inclui rock psicodélico, garage rock, jazz fusion, stoner, funk, R&B, hip hop, rock progressivo, música árabe e o que mais der na cabeça desses nerds.

Inclusive o guitarrista, vocalista e uma das mentes criativas Stu Mackenzie, desenhou a diferença entre ‘Infest’ e ‘PetroDragonic’, como outrora reportado no Class of Sounds:

“Quando nós fizemos Rats’ Nest, foi algo experimental. Tipo, ‘esse é o tipo de música que alguns de nós crescemos ouvindo, mas nunca tivemos coragem ou confiança para tocar, então vamos tentar e ver o que acontece’. E quando fizemos esse, a gente pensou: ‘Porra, por que é que demoramos tanto tempo para fazer isso?’”

A primeira prova de que a lacuna não foi apenas temporal surgiu no primeiro single, “Gila Monster”; um jorro de peso bem na sua cara e com riffs que te cortam e depois grudam.

O segundo vai além ao lançar mão do progressivo em meio às viagens mescladas à Motörhead e Voivoid. Me refiro a empolgante “Dragon”. E do início ao fim, mesmo trazendo 10 minutos de duração. Tão boa, que acaba sendo pouco.


Por outro lado, a música que abre o disco é a monstruosa “Motor Spirit”; algo como se o Kyuss estivesse em atividade em pleno 2023, após sofrer uma metamorfose thrash. E voltando a mencionar a banda do saudoso Lemmy Kilmister, nada como uma música como “Supercell” para mostrar que seu legado é eterno.

Em “Converge” mais parece que estamos ouvindo uma demo acelerada do Saint Vitus. Obviamente o prisma é do originários Black Sabbath, mas o processamento é do jeito… Lizard. E isso se traduz com passagens surpreendentes no discorrer da música, como um leve aceno à New Wave Of British Heavy Metal, em especial Saxon e Iron Maiden.

Até o momento os sinais de descanso são zero, e “Witchcraft” chega como mais uma faixa de tirar o fôlego. O dinamismo segue como nunca – um dos pontos fortes da banda, disparado – em mais uma chuva de riffs nervosos acompanhado os vocais quase guturais de Mackenzie. Aliás, seus tempos e contratempos se relacionam com facilidade com o que já fizeram em discos anteriores.

E quando você acha que não dá para ficar mais pesado surge “Flamethrower” para fechar o registro. Passagens mil pelo power, speed, thrash e com um desfecho que, mais King Gizzard & The Lizard Wizard, impossível: experimental, eletrônico, espacial. Prenúncio do próximo álbum? Dado o histórico da banda, não necessariamente.

No fim das contas, PetroDragonic Apocalypse; or, Dawn of Eternal Night An Annihilation of Planet Earth and the Beginning of Merciless Damnation soa como mais um play divertido e sacana dos australianos. Contudo, apresenta toda uma seriedade de quem sempre soube o que está fazendo. Inclusive ao trazer uma tema sério de forma lúdica: a questão ambiental.

Em ‘PetroDragonic Apocalypse…’, as pessoas optam por usar a superindustrialização (metaforicamente como bruxaria) para a solução de seus problemas, deixando de prestar atenção a desastres ambientais. Já a ideia da banda seria soltar um dragão para acabar com o mundo de vez. E qual a melhor trilha sonora para esse enredo? Indie Rock? Não.

Fosse outro disco, diria que se trata do fruto de intensas pesquisas movidas a paixão pela música. Mas é apenas a volta às raízes adolescentes. Afinal, por mais incrível que possar parecer para um seguidor ‘alternativo’ da banda, foi o heavy metal que despertou essa rapaziada para lá de criativa para o universo musical.

Registro de nota máxima. Ou o melhor, mais fascinante desde Nonagon Infinity, dali da classe de 2016.

Ouça ina íntegra a seguir:

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