Embora póstumo, álbum definiu a banda como um dos pilares do pós-punk
Por Luiz Athayde
Neste exato dia, em 1980, a falange de Manchester, Joy Division, lançava seu segundo e último registro completo. Um dos discos mais emblemáticos do pós-punk, Closer teve produção novamente assinada por Martin Hannett no Britannia Row Studios em Islington, Londres. Por problemas na prensagem, foi lançado após o suicídio do vocalista Ian Curtis, dando o caráter póstumo do mesmo.
O mesmo foi concebido em dois períodos distintos: segunda metade de 1979 e começo de 1980. As faixas “Isolation”, “Heart and Soul”, “The Eternal” e “Decades” foram compostas por último e tomaram um rumo mais voltado para os sintetizadores. Uma das fontes de inspiração foi o escritor e novelista J.G. Ballard, especialmente por uma de suas coleções de contos, The Atrocity Exhibition, inclusive título da faixa de abertura do álbum.
As letras demonstravam um teor ainda mais depressivo, como se fosse um diário pessoal de Ian. Mas o restante da banda pouco se importava com elas, já que durante as sessões de gravação, mais brincavam ou falavam de outros assuntos que não fossem seu conteúdo.
“A gente ia pro ensaio e falava sobre coisas realmente banais. Fazíamos isso até não ter mais assunto, então pegávamos nossos instrumentos e gravávamos algo no toca-fitas. Não falávamos muito sobre as músicas ou a letras. Nunca analisamos isso”, recorda o guitarrista Bernard Sumner.
Por outro lado, em outubro de 2007, Sumner revelou o quão estranho Ian se sentia naquele período:
“Enquanto trabalhávamos em Closer, Ian me disse que esse álbum era muito estranho, porque ele sentia que todas as palavras estavam se escrevendo sozinhas. Ele também disse que tinha uma terrível sensação claustrofóbica de que estava em um redemoinho, sendo puxado para baixo, se afogando.”
A capa foi uma mórbida e infeliz coincidência; foto da lápide da família Appiani, no Cemitério Staglieno, em Gênova, Itália. Embora concebida antes da morte de Ian por Martyn Atkins e Peter Saville. Em Joy Division, documentário oficial da banda lançado em 2007, Saville recorda:
“No dia em que Tony me chamou para me dizer que Ian tinha morrido, foi quando pensei na capa que tínhamos. E senti necessidade de falar sobre isso. Tony estava muito preocupado. As… as noções de sensacionalismo ou exploração estavam lá e eu disse: ‘Tony, teremos um túmulo na capa do álbum!’, e ele disse: ‘oh…maldição’.”
Após lançado, a recepção não poderia ter sido mais bombástica; nota 10 de 10 nos principais meios especializados (até hoje), e obviamente citado nos 1001 Álbuns Que Você Precisa Ouvir Antes de Morrer, lançado em 2005.
No fim de 1980, Closer figurou a 22º posição no melhor disco do ano no ‘Pazz & Jop’, publicado no The Village Voice. Ainda que seja seu último lançamento, Closer estabeleceu a banda como um dos pilares do post-punk, angariando fãs famosos como Morten Harket, vocalista do A-ha, e George Michael, que descreveu o álbum como “uma coroa de jóias do pós-punk”.
Ainda: em 2007 Closer foi relançado em uma edição remasterizada em CD duplo, sendo o disco 2 contando com um ao vivo gravado na Universidade de Londres em 8 de fevereiro de 1980. No Brasil o disco saiu em 1985 pela Baratos Afins e depois licenciada pela Stiletto em 1987; ambos com a faixa “Love Will Tear Us Apart” de bônus.
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