Terceiro álbum do grupo australiano consolidava sua era mais etérea
Por Luiz Athayde
Hoje mais um disco clássico do Dead Can Dance faz aniversário. Gravado no Woodbine Studios, Inglaterra, entre abril e maio de 1987, e novamente produzido por John A. Rivers e a banda, Within The Realm of a Dying Sun viu a fraca luz do dia dois meses depois via seminal carimbo 4AD.
Composto essencialmente por Lisa Gerrard e Brendan Perry, além de uma “forcinha” de Peter Ulrich que durou até a primeira ruptura da banda, o disco mostra um enorme salto ao etéreo em relação ao álbum anterior, Spleen and Ideal, que embora iniciando suas nuances mais atmosféricas, ainda era voltado para o pós-punk tradicional, fortemente influenciado por Joy Division. Sobre as mudanças, o grupo comentou na época: “Percebemos que estávamos limitando nossas visões musicais, contando com guitarra, baixo e bateria. Esses instrumentos não eram adequados para expressar muitas das coisas que estávamos ouvindo”.

A capa, parte marcante do conceito do disco, é uma fotografia do túmulo do químico francês, naturalista, fisiologista, advogado e político socialista François-Vicent Raspail, no cemitério Père-Lachaise em Paris, França – inevitável conexão com Closer do grupo de Manchester.
Nem a falta de tradição em singles impediu o crescimento da carreira do duo. Sua sonoridade sorumbática iria, anos depois, influenciar músicos muito além do perímetro gótico/pós-punk. Dos exemplos mais notáveis, versão do Paradise Lost para “Xavier” (na edição limitada do álbum Symbol of Life, de 2002), sample dos vocais de “Dawn of the Iconoclast” no single Papua New Guinea do The Future Sound of London, e até sample da mesma música em si feita por Fergie, ex-The Black Eyed Peas, em parceria com Rick Ross, na música “Hungry” (do álbum Double Dutchess, lançado em 2017).
Ainda: Within The Realm of a Dying Sun teve lançamento tardio nos EUA (somente em 8 de fevereiro de 1984) e aleatoriamente em países como Canadá, Polônia, Romênia, Lituânia, Japão, Grécia, França, Reino Unido, Turquia, Países Baixos, Itália e Rússia. Do lado brasileiro, fãs ainda se encontravam dependentes das importadoras.