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Jackson VanHorn – A Silent Understanding

Representante do pós-punk de Indianápolis retorna sem medo de misturar novas referências

Por Luiz Athayde

Estamos na reta final de mais um ano de pandemia, mas com muitos lançamentos sônicos, especialmente na esfera pós-punk. E felizmente, não se trata de uma “corrida” envolvendo os melhores, e sim, ao menos por esses lados, dos que você não pode deixar de conferir. Dentre eles está A Silent Understanding, o novíssimo disco cheio de Jackson VanHorn.

Jackson VanHorn (Foto: Divulgação)

Justamente por ser natural de Indianápolis, Estados Unidos, a conexão com as 500 Milhas ou Indy 500 foi inevitável, e se você que está lendo, é do tempo da extinta TV Manchete, esqueça os cabelos brancos e vamos ao que interessa: After The Rehearsal, de 2020 convence qualquer fã desse estilo e se mostrou um belo trabalho. Mas este supera as expectativas. De longe.

O fato da tristeza sempre permear os trabalhos VanHorn já é algo notável, mas não seria de grande valia se ele não desafiasse a si mesmo em apresentar algo mais profundo ou, no mínimo, diferente. E ele fez isso de sobra. Os vocais estão mais soturnos e as doses de melancolia, mais intensas. Além das outras nuances, que são percebidas no decorrer das faixas.

“Common Era” abre o registro com um ar de continuação de onde havia parado, e claro, mostrando que o salto evolutivo em relação ao álbum anterior, inclusive no que diz respeito a produção, foi grande. Nem é preciso dizer que foi a escolha certeza para single e videoclipe.

“Invisible Hand” é outra boa faixa; se relaciona com o post-punk atual, mas traz um certo groove Bryan Ferry que é impossível de ser ignorado. E já que falamos em sons cabisbaixos, “Melancholia” não apenas faz jus ao que foi dito, como se mostra um dos grandes momentos do play.

“Lady of Light” tem um viés pop na pegada do A-ha, mas com aquele toque de The Cure para evitar qualquer sinal de felicidade. Uma grata surpresa é a primeira parte da faixa-título. Totalmente instrumental, ela poderia configurar qualquer disco de trip hop já lançado, mas não; é VanHorn ampliando os horizontes com novas experimentações. Embora seja mais cinematográfica, a viajante “Requiem” também se encaixa nesse frame.


Independente da abordagem usada, uma constante é o “ar” mais frio que cada canção carrega. É coldwave que chama? Quase isso; “Anthropocene”, umas das músicas que o compositor americano mais acerta no disco – as pistas de dança dark agradecem.

Não é o caso de todos os álbuns, mas de uma forma geral, o melhor está no final, ou perto. Mesmo apresentando vultos de um Robert Smith dos anos 90 e 2000, “Exile” consegue escapar de rótulos e etiquetas com suas mudanças de clima, causando uma sensação de que estamos assistindo um filme. Sim, essa merecia vídeo.

A grosso modo, A Silent Understanding cumpre seu papel como álbum, bem como uma possível virada no post-punk; com novas abordagens e bifurcações. Tudo bem que ainda é cedo para saber, mas se a coisa for pelo mesmo caminho, ou melhor, atitude de gente como IDLES, Shame e Black Country, New Road, será de certo alívio sair do roteiro formado por sons retilíneos sem qualquer variação.

O play é chancelado pelos carimbos Icy Cold Records e Manic Depression Records e ainda se encontra disponível nos formatos digital e CD neste link. Ouça completo abaixo, no Spotify.

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