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Hatchie – Keepsake

Da escola Cocteau Twins da classe de 2019, Hatchie é certamente uma de suas formandas mais promissoras

Por Luiz Athayde

Finalmente após cercado de certa expectativa, saiu o álbum de estreia deste novo ato australiano chamado, ou melhor, chamada Hatchie. Sob o comando da nativa de Brisbane, Harriette Pilbeam a banda é acompanhada por Joe Agius (guitarra/teclados), David Gauci (guitarra) e Richie Daniell (bateria).

Keepsake saiu pelos carimbos Double Double Whammy, Ivy League e Heavenly Recordings, e contou com produção de John Castle. Sucede seu primeiríssimo trabalho, Sugar & Spice; um EP com 5 faixas + 5 remixes e demos. Foi onde a cantora, guitarrista e compositora mergulhou em profundas águas dominadas por falanges do shoegaze/dreampop, como Lush, Elastica e, principalmente, Cocteau Twins.

Hatchie (Foto: Jessica Hanley)

Embora seja latente seu esforço para deixar uma marca pessoal, ao longo dos 45 minutos de disco quem parece tomar as rédeas é mesmo Elizabeth Fraser. Mas isso é algo bem distante de ser ruim, muito pelo contrário. Faixas como “Without A Blush” (primeiro single e segunda do álbum), a subsequente “Her Own Heart” e “Kiss The Stars” (sétima) são não apenas algumas das mais envolventes do álbum, como foram especialmente ordenadas para garantir o ouvinte a melhor das viagens, sem se preocupar com as referências ali escancaradas.

A noventista “Obsessed” foi a música escolhida para o videoclipe. No melhor esquema “faça você mesmo”, um lúdico compilado de imagens de sua recente turnê pela América do Norte.


“Unwanted Guest” começa com um groove cativante antes de partir para um refrão para lá de grudento e nos levar para “Secret”, uma das músicas mais inspiradas da australiana. São lindas melodias, camadas atmosféricas a perder de vista e um crescendo de arrepiar a alma.

Na sequência surge “When I Get Out”, inclusive com Hatchie mostrando como combinar folk e ethereal. Porém, “Keep” encerra de um jeito ainda mais direto que “Not That Kind”, ao mesmo tempo em que faz uma simulação de como seria se o álbum começasse por ela.

Ou, se de repente se trata de uma deixa para o próximo capítulo – pós-punk/neopsicodelia – desse nome Aussie que promete ser uma das discípulas mais notáveis dos coquetéis gêmeos.

Se por um lado, os originais sequer demonstram sinais de retorno, por outro, a classe de 2019 está muito bem servida, obrigado. Belíssimo álbum.

Ouça na íntegra a seguir:

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