Trio italiano lançou seu álbum de estreia, ‘PFAS OFF’, por carimbo independente
Por Luiz Athayde
Curiosidade para sons experimentais é um fator constante desde a gênese do Class of Sounds. Alguns nomes já passaram por aqui de todas as formas possíveis; notas, resenhas, entrevistas.
Banda nova, significa escavação nova. Graças, porém, a uma boa quantidade de material recebido. E o mais novo foi do trio italiano de… música experimental, vanguardista? Doortri.
Ok, mas se trata de uma resenha e quem lê espera, no mínimo, que haja alguma referência, etiqueta, um norte. Tarefa deliciosamente difícil ao ouvir PFAS OFF, álbum debut editado por vias independentes.
Acontece que Tiziano Pellizzari (sax tenor, sax alto, baixo, clarinete e aparatos eletrônicos, Giampaolo Mattiello (bateria) e Geoffrey Copplestone (sintetizadores, samplers, vocais) circulam por tantos caminhos que se os mesmos não caberiam em Vicenza, de onde eles vêm.
O mapa de influências comporta estilos como punk, hardcore, pós-punk, industrial, música eletrônica (japonesa), krautrock – cortesia dos efeitos ao longo do registro – e no wave. Tudo soa experimental para quem ouve, mas a espinha dorsal, na verdade, é o jazz. Livre.
Desprendido de tal forma que “Caesar” abre o trabalho sem a menor cerimônia: rápida e rasteira. Entretanto, da água para o vinho, seu andamento se torna um aceno inconsciente ao Shining (norueguês), no álbum Sweet Shanghai Devil (2003).
Ainda assim, no fundo a intenção ali foi, de alguma forma, conversar com Pharoah Sanders. Coisa que eles meio que voltam a fazer na “No Logo(s)”. Faixa hipnótica, mas igualmente intrigante; como se estivéssemos dentro de uma cena de filme noir.
Embora o disco se apresente como uma peça fora dos moldes tradicionais da música, quem ouve também se pegará surpreso com o potencial melódico presente. A exemplo da faixa-título e de sua subsequente, “Haiku”, que traz uma simbiose entre Faust e o noise rock nipônico. Ambas sensacionais.
Bom, se a essa altera, PFAS OFF lhe causar certas confusões mentais, a banda cumpriu seu papel. Mas, se seu caso for grave, pegue uns discos do Fugazi, Tortoise, John Coltrane e Einstürzende Neubauten (espera, não chega a tanto… esse último é opcional), escute e volte aqui na sequência, preferencialmente apertando o play a seguir:
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