A partir daí, ninguém segurava os ingleses de Essex
Por Luiz Athayde
Neste dia, lá na classe de mil novecentos e oitenta e sete, um dos maiores clássicos do Depeche Mode e do synthpop em geral saía do forno via Mute Records.
Até ganhar vida, Music for the Masses foi gravado nos estúdios Guillaume (Paris) e Konk (Londres), entre fevereiro e julho daquele ano.
Produção de Daniel Miller, David Bascombe (Tears for Fears, Peter Gabriel) e da própria banda. Embora o fator especial, como há alguns anos, seja o multi-instrumentista Alan Wilder, responsável por lapidar as canções compostas por Martin Gore.
Por um lado, foi a continuação natural de Black Celebration. Por outro, um enorme passo rumo a uma era que se estenderia até os dias de hoje: pela adição de guitarras (pela primeira vez em um registro), endossando o fascínio de Gore por blues e rock.
No entanto, foi também ali que o uso de drogas iria decolar; cortesia do massivo sucesso que o grupo foi acumulando ao longo dos anos.
Das 10 faixas, 4 ganharam singles de peso: “Strangelove” (13/04/1987), “Never Let Me Down Again” (24/081987), “Behind the Wheel” (28/12/1987) e “Little 15” (16/05/1988).
Todas tocaram até dizer chega nas rádios mundiais, mas “Strangelove” era uma das faixas de destaque das incontáveis festinhas pelo Brasil. Uma parcela das cópias encontradas no mercado de colecionadores possuem o carimbo “promocional” junto com o “cópia invendável”.
Como é de prache no grupo, a arte teria que ser algo inovador, ao menos dentro de sua própria esfera. O megafone (e símbolo icônico da banda) foi ideia de Martin, e ao contrário do que muitos imaginam, significa o inverso do que diz o título do disco (“Música para as Massas”).
A capa foi desenhada por Martyn Atkins. Ironicamente, foi nesse período que a imprensa musical, ou parte dela, finalmente se rendeu a estes ingleses. O New Music Express disse que Gore estava obssessivamente em seu melhor no álbum, enquanto a Q Magazine se referiu a Music for the Masses como “verdadeiros diamantes na escuridão… esse foi o momento em que o Depeche Mode começou a ser levado a sério”.
Nas paradas de vendas: primeiríssimo lugar na Espanha, medalha de prata na Alemanha. E mais: 4º na Suiça e Suécia; 7º mais vendido na França e na Finlândia; 10º lugar no Reino Unido e posição número 35 no top 200 da Billboard ianque. Para citar alguns. Além de Disco de Prata no Reino Unido, Disco de Ouro na Alemanha, Platina na França (400 mil cópias) e nos Estados Unidos (1 milhão de cópias).
Nos licenciamentos, mais um capítulo da série documental do grupo, Depeche Mode 87-88 (Sometimes You Do Need Some New Jokes) presente na reedição remasterizada de 2006, incluindo áudio em 5.1; além dos lados B de singles como faixas bônus.
No Brasil, Music for the Masses saiu em 1987 em LP e Cassete. Já em CD, somente em 1990. Todos pela Mute, com dois relançamentos posteriores em 1996 e 1997; esse último pela hoje extinta Paradoxx Music.
A contribuição de sexto álbum do Depeche Mode para a música teve efeito poucos anos depois, com uma infinidade de grupos synthpop surgindo mundo afora e Europa adentro (em especial na Alemanha, segunda casa dos ingleses).
Isso sem mencionar os inúmeros nomes alternativos que fizeram sucesso na década de 90, que citam a trupe de Martin Gore como uma grande influência.