Terceiro álbum do grupo australiano consolidava sua era mais etérea
Por Luiz Athayde
Hoje mais um disco clássico do Dead Can Dance faz aniversário. Within The Realm of a Dying Sun teve nova produção conjunta entre John A. Rivers e a banda, e viu a fraca luz do dia dois meses depois via seminal carimbo 4AD.
O duo criativo, Lisa Gerrard e Brendan Perry, naturalmente assinou as composições. No entanto, ainda houve uma “forcinha” de Peter Ulrich, que durou até a primeira ruptura do grupo.
Seu salto no âmbito etéreo é enorme em relação ao álbum anterior, Spleen and Ideal. Este, embora iniciando suas nuances mais atmosféricas, ainda se voltava para o pós-punk tradicional, fortemente influenciado por Joy Division.
Sobre as mudanças, a banda comentou: “Percebemos que estávamos limitando nossas visões musicais, contando com guitarra, baixo e bateria. Esses instrumentos não eram adequados para expressar muitas das coisas que estávamos ouvindo”.
A arte de capa sempre foi parte marcante do conceito de seus discos. Neste caso, trata-se de uma fotografia do túmulo do químico francês, naturalista, fisiologista, advogado e político socialista François-Vicent Raspail. Ela foi tirada no cemitério Père-Lachaise em Paris, França – inevitável conexão com o álbum ‘Closer’, daquele grupo de Manchester.
Nem a falta de tradição em singles impediu o crescimento da carreira da formação Aussie. Sua sonoridade sorumbática iria, anos depois, influenciar músicos muito além do perímetro gótico/pós-punk.
Dos exemplos mais notáveis, versão do Paradise Lost para “Xavier” (na edição limitada do álbum ‘Symbol of Life’, de 2002); sample dos vocais de “Dawn of the Iconoclast”, no single “Papua New Guinea” do The Future Sound of London; e até sample da mesma faixa, feita por Fergie, ex-The Black Eyed Peas, em parceria com Rick Ross, na música “Hungry” (do disco ‘Double Dutchess’, lançado em 2017).
Ainda:
+ Within The Realm of a Dying Sun saiu tardiamente nos EUA; somente em 8 de fevereiro de 1984. Mas também em países como Canadá, Polônia, Romênia, Lituânia, Japão, Grécia, França, Reino Unido, Turquia, Países Baixos, Itália e Rússia. Do lado brasileiro, fãs ainda se encontravam dependentes das importadoras.