Canadenses voltam com um álbum menos espacial e mais “pé na estrada”
Por Luiz Athayde
Os canadenses do Black Mountain voltaram com mais um disco. Sumidos do mercado fonográfico desde 2016, o sucessor do deveras viajante IV demonstra um claro retorno às composições mais voltadas para as guitarras, mas sem perder, obviamente, a veia espacial/psicodélica que lhe trouxe visibilidade.
Formado na cidade de Vancouver em 2004 por Stephen McBean, o grupo se voltava para um stoner rock de genéricas influências de The Velvet Underground, como se ainda estivessem buscando uma sonoridade própria. Em 2008, um salto evolutivo de deixar nomes como Kyuss, os longínquos Jeronimo e Mountain e demais psicodelias de cabelo em pé.
Embora com mais guitarras e “teclados distorcidos”, Destroyer traz um novo fôlego à sua conhecida sonoridade. “Future Shade” abre o disco com uma pegada perfeita para qualquer remake de um roadie movie setentista. A pilantragem-mor vem logo na segunda faixa. “Horns Arising” começa ‘sarrando’ “21st Century Schizoid Man” do lendário King Crimson de maneira tão assustadora, que te faz visualizar Robert Fripp indo na casa de Stephen cobrar doletas pela sarrada. Aliás, o ‘fôlego’ citado é justamente esse misto quente entre “som de asfalto” e rock progressivo – de Can a Camel, tem espaço para todo mundo –, com breves interlúdios “Sabbáticos”, como “Boogie Lover”.
Uma considerável acelerada quase heavy metal é permitida em “Licensed to Drive”, até fecharem com a devidamente space rock “FD 72”. Homogeneidade nunca foi uma característica no som do Black Mountain, mas se analisarmos o que andaram fazendo de 2005 para cá, Destroyer é o álbum que mais se aproxima disso. E talvez, o melhor desde o inspiradíssimo In The Future de 2008.
Ouça o álbum: