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Andrés Ruiz – Dramacolor

Multifacetado artista argentino faz novo mergulho nas inspiradoras águas dos anos 80

Por Luiz Athayde

Cantor, compositor, instrumentista, produtor, ator. Artista visual, provocativo, irreverente, dramático, colorido. Dramacolor, álbum estampado nas plataformas digitais, mas sobretudo mais uma assinatura do também músico argentino Andrés Ruiz.

Andréz Ruiz (Foto: Divulgação/Press)

Apenas um aperitivo saiu antes do álbum ver a luz do dia. “Escondite” dava a deixa para uma espécie de continuação mais oitentista do que fez em EP Pacto Secreto, editado em 2021.

No entanto, vindo de um músico criativamente constante desde 2010 (ano de seu primeiro registro sônico, “Ruiseñor”), seria muita prepotência ter certeza do que viria.

Seu novo trabalho figura o décimo sexto da discografia e, sem a menor surpresa, leva sua assinatura do processo criativo ao âmbito técnico – produção, mixagem e masterização.

O registro foi gravado em Buenos Aires (Rinri Estudio), e no México, via Molécula Records. Entre os músicos convidados, estão Diego Martínez no baixo, e Eduardo Ferrer e Gracia Fernández nos vocais de apoio.

Sua resultante foi a mais variada possível dentro da esfera new wave; com fortes acenos ao synthpop e o pós-punk. Embora este último ele prefira deixar para sua banda Devoran entre sí.

E por falar em olá, “La cápsula del tiempo” abre com spoiler e tudo. Se trata de música eletrônica com doses cavalares de groove. “Hablando solo” soa ainda mais interessante, talvez por trazer aquele elemento que somente as formações latinas são capazes de fazer. Apenas ouça.

De mote mais, digamos, cinematográfico, “Directo a mi piel” seria uma boa pedida para um longa filmado ali na sua área, no Mar de Ajó. “Centauro” soa eletrônica, mas sua pegada lembra os momentos mais ensolarados do The Cure. Tipo Robert Smith quando está de bom humor.

Quanto a “Herejía”, essa surge como uma típica canção new wave feita para as programações da segunda metade da década de 80. Influência notável de Pet Shop Boys. Porém, “Pócima” é talvez a que melhor flerta com o pós-punk, enquanto “1993” faz a inevitável conexão com Kraftwerk. Embora aqui soe mais experimental.


Logo na sequência, “Faxxx” aparece para se conectar com nomes contemporâneos do indie pop (ou seria chillwave?), como Washed Out e Windsurf. Na verdade, por cortesia dos scratches no vinil, é possível visualizar remadas de skate no calçadão da praia ao entardecer.

Em “Tu flecha de oro” Ruiz arrisca (com sucesso, diga-se) um electropop noturno, digno das boates inglesas. Já “Las sobras” retrocede no tempo, quando os sons eletrônicos esboçavam migrar para a superfície.

Na saída, a faixa-título faz o discurso final de forma curta, mas, ainda assim, misteriosa. Um tanto (não, bem) dark, a música que leva o nome do álbum também mostra o lado Depeche Mode, de Ruiz, vez ou outra marcando presença nos seus trabalhos.

Para uma década que insiste em não sair de moda, estamos bem. E quanto mais fundo a gente escava, maiores são as chances de encontrar discos inspirados como Dramacolor. Embora não seja o caso do nosso vizinho multifacetado Andrés Ruiz; especialista em circular tanto pelo o mainstream (de lá), e o underground.

Ouça o álbum na íntegra pelo Bandcamp. Ou abaixo, no Spotify:

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