Ernest Greene enfim, voltou para seu ponto de origem
Por Luiz Athayde
O músico norte-americano Ernest Greene sabe das coisas. Só para começar, em 2009, ele apareceu com um cassete recheado de canções pop/eletrônicas de mote praiano, também conhecido como Chillwave. Era o High Times.
Dali, sua escalada para a superfície “indie” foi um pulo. No ano de 2011, assina com a icônica Sub Pop e edita seu melhor registro, Within and Without, seguido por outro álbum de nível similar, inclusive de sucesso: Paracosm (2013).
Quatro anos depois, Greene surpreende. Mister Mellow sai por outro selo, Stones Throw Records. E também por outra via; a consistência dá lugar ao plástico, que ao contrário do sentido real, este já se encontra em processo de decomposição.
E isso se deve especialmente a Purplen Noon, álbum recém-saído do forno pelo lendário carimbo de Seattle – casa que Greene nunca deveria ter pulado fora.
Em suas 10 faixas, é como se a linha do tempo tivesse feito uma curva de 2013 até 2020, com direito a nuances aqui e ali dos trabalhos iniciais. A diferença positiva estava na produção, ainda mais cristalina. Vide os óbvios singles, “Too Late” e “Time to Walk Away”, que pega emprestado a métrica da fantástica “Amor Fati” (de “Within and Without”) para dizer: estou de volta, seus putos.
Outra que merece menção honrosa é a quase épica “Don’t Go”. Inclusive sua atmosfera ‘fim de tarde’ se conecta com a belíssima capa, não devendo em nada a artistas baleáricos de plantão. Além de “Hide”, por ser uma típica composição nos moldes chillwave, posicionada corretamente no play.
Tentar outras sonoridades e influências está longe de ser ruim. Pelo contrário, é tão compreensível quanto necessário, especialmente quando algo dá errado. Porém, para isso, deve-se usar o salvo conduto dos dias de glória.
E é disso que se trata Purple Noon. Mais que uma “volta” ao seu ponto de origem, é Ernest Greene tomando vergonha na cara, fazendo o que sabe melhor dentro desta esfera que ele mesmo criou.
Ouça Purple Noon no Spotify.
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