Aleksandra Denton conseguiu condensar com sensatez as suas mais variadas influências em um único disco, e ainda deixar sua marca.
Por Luiz Athayde
Vai vendo: Manchester, filha de atriz russa e documentarista inglês; iniciação na guitarra aos 13, primeira gravação aos 16.
Na universidade, monta uma banda com o produtor Cyrus Shahrad (Hiatus), que remixou seu primeiro single, “River”. Entre singles, EPs, remixes e outros fechamentos, a essa altura Aleksandra Lilah Denton já era Shura. E melhor, com seu álbum de estreia na classe de 2016, e por um carimbo de peso (Polydor), o Nothing’s Real.
Das conexões diretas, impossível não citar momentos oitentistas de Madonna, Peter Gabriel, Phil Collins e Sandra, trazendo uma inexistente nostalgia, ao mesmo tempo que coloca o ouvinte no seu devido lugar. Ou tempo, em 2016.
Aqueles sons que te remetem às enormes e belas palmeiras de Los Angeles estão todos ali, como em “Tongue Tied” e “Make It Up”. Se composta em 1986, a faixa título poderia ter entrado tranquilamente como bônus em True Blue, álbum clássico de Madonna.
Já “What’s Gonna Be?” não poderia ser mais ‘Sessão da Tarde’. Inspirado nos clássicos filmes adolescentes do diretor John Hughes, o clipe conta a história de um nerd que se apaixona por uma pessoa, mas percebe que talvez seja apenas uma necessidade momentânea e acaba ficando com outra totalmente inesperada.
Músicas como “Touch”, “2Shy” e “What’s Happened To Us” mostram não apenas a personalidade de Shura, como de alguém que está em constante descoberta.
No desfecho temos “White Light”, uma faixa embriagada de Europop e Italo Disco. Ela vai além de alguns atos destes subgêneros, como Den Harrow, Desireless e o mestre Michael Cretu.
Motivos para apertar o play? Muitos. Mas você precisa ouvir Nothing’s Real porque é álbum que transborda honestidade e autenticidade. Shura voltou no tempo, deixou o sex appeal lá trás e trouxe para o hoje o que realmente interessa: a música – e de quebra, ainda deixou sua marca.
Ouça o álbum completo a seguir.