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Velvet Wounds – Jardin Silencieux

O pós-punk é apresentado na sua forma mais básica, mas também contagiante

Por Luiz Athayde

Não é de hoje que entre a enxurrada de nomes surgidos na esfera pós-punk, as informações também se mostram um tanto escassas. No que dizem respeito às biografias. E o projeto pós-punk Velvet Wounds não foge à regra.

Velvet Wounds quando ao vivo. (Foto: Reprodução/Instagram)

No entanto, o que sempre acaba importando é a música. Embora nem tudo seja um mistério: o núcleo criativo é assinado pelo músico e instrumentista Alex Tapia, cria da infinita cena de Los Angeles (EUA).

Sua máxima é o “faça tudo você mesmo” e foi exatamente como ele proveu seu cartão de visitas, Jardin Silencieux. Single? Não, álbum. Isso mesmo. Diferente do que se vê por aí na esfera independente, do lançamento massivo de músicas soltas e sem a menor perspectiva de futuro, ele chegou com 8 músicas desprovidas de oxigênio auditivo.

Calma, que eu explico: composições simples, diretas ao ponto em todos os sentidos; por vezes até na velocidade, mas também ao te puxar pelo braço para uma obscura pista de dança.

E o melhor (para não dizer “mastigado”) é que logo no primeiro segundo o ouvinte já sabe do que se trata. Nenhuma novidade para quem tem como norte bandas como Beach House, Joy Division, The Cure e até mesmo Cocteau Twins.

Vide a faixa de abertura, “Sueño”, já mostrando um grau a mais no volume da bateria sempre eletrônica no seu pós-punk de ares ‘indie’. Ou a coldwave “Pyramid” (uma das melhores, por sinal), ameaçando um forte abraço no saudoso Asylum Party.


“Gothic” é autoexplicativa, mas sua abordagem é com os melhores momentos da nova escola, em especial She Past Away. Mas se é para apontar uma faixa de destaque, seria difícil no mínimo não sinalizar “London Fog”. Ela segue a linha da anterior, mas com um maior poder de envolver quem ouve; reta, melódica, sombria.

Menção necessária para a música que encerra o disco, “Minuet”. Essa sim soa destoa das demais no sentido sônico, mas nem de longe do conceito. Tão atmosférica e melódica que caberia em qualquer registro shoegazer. Aliás, Slowdive é uma das formações prediletas do músico americano.

Ao vivo, a configuração é de trio: Alex Tapia, mais uma guitarrista e um baixista. E claro, a própria versão do Doctor Avalanche (a bateria eletrônica do The Sisters of Mercy).

Em suma, Jardin Silencieux é um disco delicioso de ouvir. Tão curto que na ânsia sentir algo na mesma vibração, aproveito para recomendar um engate com Seventeen Seconds (1980), do Cure, e Belirdi Gece, primeirão do She Past Away, de 2012 – mas nada que um bom repeat não resolva.

Ouça o álbum na íntegra pelo Bandcamp, ou abaixo, no Spotify:

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