Recheado de melodias (Neo) Soul e andamentos experimentais, Tyler Okonma vem com o melhor disco de sua carreira
Por Luiz Athayde
Para quem não conhece o trabalho desta cria da Costa Oeste dos Estados Unidos, é recomendável não apertar o play na expectativa de encontrar um álbum convencional de hip hop. Tyler, the Creator se apresenta na classe de 2019 com um disco diferente e igualmente seminal dentro deste gênero; se é que podemos encaixotá-lo dessa maneira.
Conhecido por lançar mão de uma estética psicodélica – pode chamar de “bizarramente engraçado” também –, IGOR sucede o aclamado Flower Boy, lançado em 2017, com um som extremamente polido em meio a batidas modernas e melodias fortemente orientadas para o (Neo) Soul, além de andamentos nada previsíveis, o que aumenta ainda mais seu caráter experimental; e embora o álbum comece com a potente “IGOR’S Theme”, é “Earquake” que dita seu tom melódico. Em “I Think” o flerte com o synthwave foi tão safado que se houvesse uma continuação de Miami Vice com os atores originais, essa faixa mereceria fazer parte de sua trilha sonora.
A tensão e a psicodelia surgem essencialmente em “Running Out Of Time” (essa contando com Frank Ocean), “New Magic Wand”, e a gangsta “A Boy Is A Gun”. Já “What’s Good” é West Coast clássica, quase saída de uma das incontáveis ruas de Los Angeles no meio de uma tarde perdida na década de 1990; enquanto que “Puppet” (com participação de Kanye West) e “Are We Still Friends”, soam como uma tentativa de resgatar o que já não volta mais.
Pode ser que seja cedo dizer que IGOR irá mudar o Status Quo do Soul/Hip Hop, mas é certo há um bom tempo, seu criador Tyler, está dando fortes indícios.