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The Cure: neste dia, em 1982, “Pornography” era lançado

Simplesmente um dos discos essenciais do rock gótico

Por Luiz Athayde

Neste dia, em 1982, o The Cure dava seu primeiro e provavelmente maior salto rumo ao gótico. Pornography figura o registro de número 4 na discografia da banda inglesa de Crawley, West Sussex.

Editado pela Fiction no Reino Unido e via carimbos, A&M e Elektra Records nos Estados Unidos, suas gravações ocorreram no RAK Studios, em Londres e contou com Phil Thornalley – que se juntaria ao grupo poucos anos depois – na produção, depois de quase fecharem com Conny Plank, devido aos seu trabalhos com o Kraftwerk.

Lol Tolhust, Robert Smith e Simon Gallup: The Cure em 1982 (Foto: Reprodução)

Embora o álbum anterior, Faith (1981), já desse sinais claros de obscurantismo, Pornography foi a consolidação da atmosfera que volta e meia assolava a sonoridade da banda.

Pudera: o guitarrista, vocalista e líder, Robert Smith não se encontrava necessariamente em um mar de felicidade. “Eu tinha duas opções na época: desistir completamente [cometer suicídio] ou gravar um disco e tirá-lo [a dor] de mim[…] Eu estava realmente deprimido entre 1981 e 1982”, disse ao relembrar aquele período.

Aliado à depressão, o ambiente também estava envolto a uma quantidade razoável de drogas, como álcool até (não) dizer chega e LSD, inclusive aflorando o pior lado de Smith, como o próprio conta:

“Na época, eu perdi todos os amigos que tinha, todos, sem exceção, porque eu era incrivelmente desagradável, assustador, egocêntrico” […] “O álbum canalizou todos os elementos autodestrutivos da minha personalidade para fazer alguma coisa.”

Segundo o baterista e tecladista Lol Tolhurst, a ideia era fazer “o álbum mais intenso de todos”.

Quanto as influências, as principais vieram de nomes contemporâneos ao Cure, como The Psychedelic Furs (especialmente o autointitulado álbum de estreia) e Siouxsie & The Banshees: “Eles foram o grupo que me levou a fazer o Pornography. Eles tiraram algo de mim”, revelou Smith.

O único single extraído do álbum, “The Hanging Garden”, faixa de abertura do disco, saiu em 12 de julho daquele ano.

Apesar da consistência e da excelente recepção por parte do público, a crítica não foi unânime. O maior balde de água gelada veio da New Music Express:

“Cansativamente auto-analítico” […] “retrata e desfila sua moeda de futilidade exposta ao medo completamente nu com tão poucas distrações ou adornos e tão pouco senso de vergonha. [É] Realmente cheio disso. O Cure se dedicou a captar uma coleção relacionada dos sentimentos mais puramente endêmicos de sua idade e mantê-los no local em sua forma intangível, não especificada, incontrolável e desagradável e real.”

Capa do compacto ‘The Hanging Garden’ (Discogs)

Nas paradas, a melhor posição foi em casa: 8º lugar no Reino Unido. Nos licenciamentos, o álbum não saiu no Brasil, mas teve edições sul-americanas em 1987 na Argentina e Uruguai, em Cassete e LP pela Polydor.

Em 1982 o The Cure era: Robert Smtih (vocal, guitarra, teclados), Simon Gallup (baixo, teclados) e Lol Tolhurst (bateria, teclados).

Ainda:

+ 2005 a discografia foi relançada em formato Deluxe com CD bônus, com o Pornography contendo raridades entre 1981 e 1982; indo de demos instrumentais a faixas ao vivo.

+ A foto de capa leva a assinatura de Michael Kostiff (Siouxsie & The Banshees, Pet Shop Boys, etc), e a arte por Ben Kelly; citado como influente nome no design de interiores, também conhecido por trabalhos na Factory Records e colaborar com Peter Saville (Joy Division, New Order).

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