Registro configura praticamente um álbum solo de Roland Orzabal
Por Luiz Athayde
Após mega sucesso regozijado nos anos 1980, especialmente com o lançamento de Songs From the Big Chair, disco de 1985, a banda inglesa Tears for Fears entrou em um longo hiato criativo. Inclusive, este culminou na saída de uma das mentes do grupo, o baixista Curt Smith, em 1991.
E a tarefa para estrear discograficamente nos anos 90 sobrou para o vocalista e multi-instrumentista Roland Orzabal. Figurando o disco cheio de número 4 no catálogo da banda, Elemental tomou forma entre outubro de 1992 e março de 1993, no Neptune Kitchen, estúdio de Orzabal.
Ainda que caracterizado como um disco solo do vocalista inglês, todas as nuances que deram fama ao grupo continuaram intactas; sophisti-pop classudo, digno dos melhores diais da esfera pop.
Todavia, a saída de Smith deixou uma ferida aberta. Orzabal soltou o verbo em 1993:
“Bem, o fato é que eu sempre fui o compositor, e o Curt dependia de mim para compor as músicas, e essas músicas estavam ficando cada vez menores com o passar dos anos… E então, durante o The Seeds of Love, eu meio que assumi o papel de produtor também, então estava me tornando uma banda de um homem só. E, no final, acabou se tornando uma só na realidade. Tínhamos muitos ativos compartilhados – bem, na verdade, muitos passivos – depois da última turnê. E eu assumi a direção da empresa. Essa é apenas outra fase pela qual o Tears for Fears está passando.”
Não parou por aí. Ainda na época, ele minimizou o divórcio se colocando como figura central da história da banda.
“A relação que eu tinha com Curt era como a de um produtor com um artista… Eu o ajudava a acertar os vocais e até escrevia as músicas para ele. Não era realmente uma coisa compartilhada.”
Nos “botões”, o Orzabal contou com o ex-Apartment Alan Griffihs e o renomado produtor Tim Palmer. Seu vasto currículo inclui nomes como The Mission, Mighty Lemon Drops, HIM, Ozzy Osbourne, Tarja Turunen, The Cure e U2. Sem mencionar as participações ilustres do baixista Guy Pratt (Pink Floyd/David Gilmour solo) e Howard Jones no piano.
“Foi um álbum muito importante [para Roland Orzabal] porque foi o primeiro que ele fez sem Curt Smith… Havia muita pressão sobre ele”, disse Palmer também justificando a fama do Tears For Fears de passar muito tempo em estúdio.
“Na verdade, esse também foi um disco importante para mim, porque Roland foi um dos primeiros artistas que respondeu às minhas sugestões musicais. Eu chegava ao estúdio de manhã e lançava algumas ideias, esperando que ele gostasse, e ele chegava e dizia: ‘Isso é realmente ótimo. Deveríamos trabalhar nisso’… Eu também toquei muita bateria no disco. Houve um pouco de edição, porque não posso dizer que sou o melhor baterista do mundo. Mas estou lá, e toquei algumas guitarras também. Foi uma ótima oportunidade para acrescentar algo musicalmente ao que eu estava produzindo”, acrescenta.
“Break It Down Again” (17/05/1993), “Cold” (19/07/1993), “Goodnight Song” (outubro de 1993) e “Elemental” (março de 1994) foram os quatro singles extraídos do registro. O primeiro obteve melhor desempenho nas paradas no Hemisfério Norte: medalha de prata na Islândia e ouro na parada alternativa da Billboard ianque.
As vendas do álbum também seguiram de vento em popa, ganhando disco de prata no Reino Unido e ouro nos Estados Unidos e França. Cortesia dos licenciamentos de escala global. Afinal, estamos falando da gigante Mercury.
No Brasil Elemental ganhou edições em CD, Cassete e LP via carimbo Mercury/Polygram (em vinil).
Pra mim, o melhor álbum