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Sopor Aeternus & The Ensemble of Shadows – Island of the Dead

A classe de 2020 não poderia ter começado tão dark

Por Luiz Athayde

Se no Brasil o ano começa oficialmente após o término do carnaval, então começou para lá de sombrio; ao menos para quem ouve música gótica.

A incansável e odiosa Anna-Varney Cantodea deveria ter “trabalho” em seu sobrenome. Mais uma vez a mente por trás do Sopor Aeturnus & The Ensemble of Shadows não deixou o macabro álbum anterior, Death and Flamingos respirar e já se enfiou no estúdio para preparar seu novo petardo Island of the Dead.

Anna-Varney Cantodea

Naturalmente assinando músicas, letras, arranjos e produção, Cantodea contou com masterização por Robin Schmidt e a assistência do engenheiro de som Patrick Damiani, em gravação ocorrida no Tidalwave Studio, entre os meses de maio e julho de 2019; além de uma trupe de músicos de sua inteira confiança – e que se dispõem a suportar seu temperamento ‘peculiar’ –, incluindo gente do meio clássico, como o violinista Nikos Mavridis, o violoncelista Tim Ströble e outros.

Mesmo contando com um curtíssimo espaço de tempo, o novo álbum do Sopor se mantém guiado pelo prisma do rock gótico, mas com trazendo o retorno de sua sonoridade neoclássica de orientação darkwave, tão querida pelos fãs, diga-se.

Canções como “Minotaur” (faixa de abertura), “Black Magic Spell” e “Mourning” acertam em cheio ao se direcionarem ao túnel do tempo de seus registros lançados nos anos 1990.

Já “Poison” envolve pelo seu groove inédito até mesmo em falanges do gênero, trazendo algo novo, dinâmico e até mesmo necessário para não cair na mesmice.

“DeathHouse” voa livre com uma típica música gothic rock, mesmo com seus tímidos flertes eletrônicos, enquanto “Saturn Rising” usa e abusa dos arranjos de cordas para criar uma atmosfera envolta a drama e suspense. Aliás, é o possível ponto alto do álbum.

Para quem se encontra no 18º disco, inovar torna-se algo que vai além do desafio. Por cortesia de um capricho maior na produção e claro, nas suas inspirações durante o processo criativo, dessa vez Anna-Varney obteve maior êxito, por saber mesclar o melhor de sua discografia, lançar mão da tecnologia de hoje e ainda acrescentar sutis mudanças, sem alterar o conceito que lhe deu reconhecimento.

Island of the Dead já é um dos melhores lançamentos góticos da classe de 2020, e tranquilamente um dos melhores do Sopor Aeternus em pelo menos 20 anos. Que os maus agouros continuem lhe inspirando para extrair álbuns como esse; as sombras agradecem.

Ouça Island of the Dead no Spotify:

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