O desfecho dos anos 1980 iria originar um dos maiores espasmos no grupo canadense de Vancouver
Por Luiz Athayde
Se rótulos convencionais já não se aplicavam em sua gênese, não seria em 30 de outubro de 1990 que os canadenses do Skinny Puppy iriam se render ao corrosivo mercado sônico da superfície.
Too Dark Park marca o sexto registro do trio formado por cEvin Key, Nivek Ogre e o saudoso aDuck, também conhecido como Dwayne Goettel. Suas gravações foram divididas em dois estúdios (Mushroom e Little Mountain Sound Studios), e contou com produção assinada por Dave Ogilvie – algumas credenciais: KMFDM, Tool, Nine Inch Nails, Ministry, David Bowie, Spineshank, Mötley Crüe.
Com um currículo desses, o resultado do sucessor do excelente Rabies, de 1989 não poderia ser melhor, como contou Goettel à Alternative Press na época.
“Todos nós gostamos, e eu podia ver os olhos apreensivos das pessoas, mas isso não nos preocupava. Nós fizemos e gostamos, e não estou preocupado em fazer outro igual, sabe?”, e ainda revelou que Rabies era o seu álbum predileto da discografia.
Too Dark Park foi o resultado de um recente background que incluiu uma série de envolvimentos em projetos paralelos dos integrantes. Como Ogre, que saiu em turnê com o Ministry tocando teclado, emprestando seus dotes vocais, e claro, usando muitas drogas. Além de participar do Revolting Cocks (projeto paralelo com membros da banda de Al Jourgensen).
Já as empreitadas de Key e Goettel incluem projetos como o Hilt, Doubting Thomas e Cyberaktif; este último contando com o ex-Skinny Puppy e atual Front Line Assembly Bill Leeb.
Voltando ao álbum, dois singles saíram do parque demasiadamente escuro dos canadenses: “Tormentor” e “Spasmolytic”, que ganhou um video para lá de psicodélico.
A receptividade de Too Dark Park foi boa, com direito a veículos como a Spin dizendo ser o “retorno ao banho de sangue” do grupo. O Tampa Bay Times descreveu o álbum como “momento divisor de águas” da banda, enquanto que o Tampa Tribune chamou o disco de “chute ambiental”.
Ainda:
+ Lançamentos nos EUA, Canadá, Reino Unido e Europa em CD, LP e Cassete via carimbos Nettwerk e Capital Records.
+ Reedição em 1996, 1998, 2001 e 2010 por Nettwerk e Capitol Records; pirata russo via Music For The People em ano desconhecido.
+ Em 2018 a Metal Hammer listou ‘Too Dark Park’ entre os 10 melhores álbuns industriais de todos os tempos.
+ Alguns samples: “Morpheus Laughing” (do filme Carne para Frankenstein, de Paul Morrissey, 1973), “Shore Lined Poison” (do filme Viagem ao Mundo da Alunicação, de Roger Corman, 1967) e “Nature’s Revenge” (do filme ‘Estranhos Visitantes’, de Philippe Mora, 1989).