Riff de sax rejeitado finalmente ganha vida em uma faixa tão pop, quanto jazz e punk
Por Luiz Athayde
A caixa norueguesa de surpresas musicais, Shining, voltou com mais um single novo em folha. “Us Against The World” mantém o espírito antagonista de seu mentor, o vocalista, compositor e multi-instrumentista Jørgen Munkeby, ou seja, trazendo algo novo a cada lançamento.
“Eu sempre fui do contra! Sempre que estou em uma sala onde todos estão vestidos de preto, quero me vestir de rosa”, revela o músico, que também é uma das nossas pratas da casa.
Munkeby acrescenta: “Quando todo mundo faz o mesmo, eu quero fazer o oposto. Ser assim definitivamente moldou minha música durante toda a minha carreira. Sempre me senti numa luta contra o resto do mundo. E essa música é exatamente sobre isso. Ela resume o que me move.”
O espaço de tempo entre um single e outro também mostra o viés perfeccionista de Jørgen quando não está nos palcos como tecladista do Emperor. Não à toa, ele contou uma curiosidade acerca da nova composição:
“Esse riff de saxofone de abertura fez parte de três músicas anteriores do Shining, mas sempre foi removido durante o processo, pois não se encaixava. Mas eu sabia que era um riff incrível, então decidi mantê-lo e transformá-lo em uma peça central para essa nova música.”
Embora o tenha como núcleo, a configuração é de banda. O baixista Ole Vistnes segue como fiel escudeiro desde 2015, mesmo durante as atividades da hoje finada banda Tristania – leia a entrevista exclusiva que fizemos com ele aqui. Na bateria, Simen Sandness; conhecido por produções de estúdio e atuar com o grupo de prog metal Arkentype.
A nova música mostra o leque criativo do Shining quase que no seu melhor. “Quase” porque o céu sempre foi o limite; dos tempos hard bop do álbum debut Where the Ragged People Go (2001) aos experimentalismos industriais de seu maior clássico, Blackjazz (2010).
Isso sem mencionar os flertes com o lado mais plástico da esfera pop. E é onde “Us Against the World” chega com o ‘pé na porta’. Jazz como ontem, pop como há bons singles e a atitude punk de sempre, inclusive no âmbito visual; com pouca produção e muita agressividade.
Assista a seguir: