Era o último álbum antes de um longo hiato
Por Luiz Athayde
O sexto álbum de estúdio do New Order completa mais um ano na galeria da música pop. Republic saiu no dia 3 de maio, no Reino Unido via carimbo London Records e, neste dia, em 1993, nos Estados Unidos, pela Qwest e Warner Bross, mas teve suas gravações concluídas um ano antes.
A produção ficou a cargo de Stephen Hague, que entre uma lista invejável de artistas que trabalhou, estão correligionários como Erasure, Pet Shop Boys, Communards e Orchestral Manoeuvres in the Dark.
Seguido do bem-sucedido Technique, de 1989, foi o segundo álbum consecutivo do grupo a liderar a parada do Reino Unido, além de ter sido indicado ao Mercury Music Prize de 1993.
No entanto, internamente, a banda estava prestes a implodir. Quando a ideia de um novo disco surgiu, as relações já se encontravam desgastadas, especialmente entre Peter Hook e Bernard Sumner. Segundo o baixista, o lendário clube The Haçienda andava mal das pernas e precisava de uma boa injeção de grana.
Iniciamente, o resultado não agradou Hook: “Eu costumava dizer que Republic era um álbum a ser evitado porque estávamos muito distantes uns dos outros, e eu não conseguia ouvi-lo sem me sentir mal”, revelou ao Bass Player em 2022.
Nem tanto das músicas, já que o músico pôde visualizar o registro com certa distância anos depois. Mas por cortesia do clima insustentável entre ele e Sumner.
Ele contou (via Far Out / ‘Backspin’) que ambos estavam “naquele ponto do relacionamento em que você odeia as entranhas fedorentas um do outro”. Além de acrescentar que o fato de “todos [estarem] fora de si em várias coisas” não ajudou.
Quatro singles foram extraídos do álbum: “Regret” (05/04/1993), “Ruined in a Day” (21/06/1993), “World (The Price of Love)” (23/08/1993) e “Spooky” (6/12/1993), sendo o primeiro, o último chute na porta do mercado norte-americano, ao figurar o Top 5 de lá.
A arte, como sempre, teve assinatura de Peter Saville, fazendo referência aos EUA e, em particular, à Califórnia, onde Saville havia se mudado. O encarte exibe diferentes aspectos, como pessoas relaxando na praia, enquanto algumas casas estão sendo incendiadas – conexão direta com os incêndios florestais frequentes no estado ou talvez aos tumultos de 1992 em Los Angeles –, além de vastas paisagens naturais, contrastando com o horizonte de Los Angeles, etc.
A maioria das imagens, fortemente retocadas, foram tiradas de bibliotecas de fotografias para obter uma aparência comercial. Não à toa, várias dessas imagens também foram usadas em campanhas de marketing para catálogos e anúncios para empresas. Outra interpretação visível da arte do álbum é a queda do império romano.
As críticas continuaram favoráveis, tanto na época quanto anos depois, ganhando, por exemplo, nota 8 de 10 na New Music Express e 4 de 5 na Q Magazine e Rolling Stone, para citar algumas.
Do lado das paradas, as melhores posições (vendas) ocorreram no Canadá (9º lugar), Austrália (5ª posição) e no quintal de casa, alcançado o primeiríssimo lugar. Já na Billboard 200 dos Estados Unidos, Republic figurou a 11ª posição, inclusive garantindo disco de ouro nos respectivos países (exceto Austrália).
O álbum teve lançamento mundial em CD, Cassete e LP, sendo no Brasil editado pela Polydor (CD e LP). Nos Estados Unidos saiu uma edição limitada intitulada Republic: The Limited Run, com as mesmas faixas da versão padrão e contando com uma arte completamente diferente; capa laranja e o título em azul; uma verdadeira raridade no mercado de colecionadores.
Embora a música eletrônica – Techno e suas variantes, Acid House, Alternative Dance e afins – se encontrasse nas mais altas temperaturas, logo na sequência, Bernard Sumner, Gillian Gilbert, Stephen Morris e Peter Hook entraram em um longo hiato que só terminou anos depois com o lançamento de Get Ready, em 2001. Mas aí são outras histórias.