Mesmo com as brasas do Joy Division ainda queimando, o trio remanescente resolveu seguir em frente
Por Luiz Athayde
Mais um aniversário de uma das estreias discográficas mais doídas do mapa sônico. Assinando como New Order, o guitarrista (agora assumindo também os vocais) Bernand Sumner, o baixista Peter Hook e o batera Stephen Morris mais sua namorada Gillian Gilbert, no comando dos teclados, lançavam seu debut, Movement.
O suicídio de Ian Curtis, vocalista do Joy Division, ainda estava recente. Contudo, apesar do misto de choque, raiva e tristeza pela perda do amigo, o grupo resolveu seguir em frente com um outro nome. A consequência foi dar continuidade à sonoridade já esboçada no clássico single “Love Will Tear Us Apart”.
Faixas como “Dreams Never End”, “Truth” e “The Him” mostravam que levaria um certo tempo para se desvincular do grupo de outrora. Porém, o álbum denotava uma clara evolução, especialmente pela adição de mais elementos eletrônicos.
As músicas que deram a ignição à nova carreira do grupo foram as que ficaram de fora do disco: “Ceremony”, inclusive chegando a ser executada no último show do Joy Division duas semanas antes do suicídio de Curtis; e “In a Lonely Place”, uma das mais dark da banda.
A produção de Movement contou com Martin Hannett (Joy Division), no Strawberry Studios entre 24 de abril e 4 de maio de 1981. Já a capa foi desenhada pelo companheiro Peter Saville, que carimbou sua marca tanto com a banda anterior, como iria assinar vindouras capas do grupo.
Em entrevista para o fanzine Artificial Life em 1982, eles comentarama respeito do trabalho do produtor: “Nós estávamos felizes com as músicas, mas não com a produção num todo”. O baixista Peter Hook explicou melhor anos mais tarde:
“Estávamos confusos musicalmente… Nossas composições não estavam se encaixando. Não sei como conseguimos sair dessa. Na verdade, gostei de Movement, mas sei por que ninguém mais gosta. Era bom nos primeiros dois minutos e meio, depois, desandava”, disse.
Isso não foi empecilho para o saudoso mentor da Factory Records, Tony Wilson, que o lançou o registro mundialmente em vinil e cassete. No Brasil, Movement só saiu nos mesmos formatos em 1990. As primeiras edições em CD saíram no Reino Unido e Japão, e nos Estados Unidos em 1987.
Destaque para a Collector’s Edition lançada em 2008 em CD duplo, contendo o álbum remasterizado mais singles e b-sides daquele período (1981).