O espírito da rebelião do ex-Emperor continua mais vivo do que nunca, agora por vias revisitadas
Por Luiz Athayde
Quando Håvard Ellefsen anunciou retorno à Era 1 de seu alter ego Mortiis, muitos, incluindo este quem voz escreve, ficaram surpresos.
Após um longo período lançando álbuns – alguns seminais – na esfera eletrônica, como The Smell of Rain (2001) e The Grudge (2004), ninguém poderia imaginar que o músico norueguês chegaria à classe de 2020 com um álbum ambiente/folk inédito; ou quase.
Spirit of Rebellion é uma espécie de reinterpretação expandida e naturalmente condizente com os dias atuais de seu clássico álbum Ånden Som Gjorde Opprør , de 1995, inclusive no que diz repeito ao título; do norueguês: “O Espírito que se Rebelou”, e agora: “Espírito da Rebelião”.
E um dos processos que levou ao álbum foi justamente seu giro pelo globo – Mortiis incluiu datas sul-americanas pela primeira vez – revisitando seu período inicial como artista solo.
Nas seis e sete partes que compõem “A Dark Horizon” e “Visions of an Ancient Future”, o multi-instrumentista norueguês mergulhou fundo na sua psique, a fim de “afastar os muitos demônios” que sempre o circundam até chegar neste resultado sônico.
Ou, traduzindo para uma linguagem sônica bem clara: Ambient, Darkwave e pitadas majestosas (clássicas) de Industrial, dignas de um belo roteiro envolvendo um futuro pra lá de pós-apocalíptico com duendes e rituais macabros com muita carnificina, como nos devidamente orquestrados vídeos promocionais lançados em outubro e dezembro de 2019.
É bem verdade que na passagem para a Era 2, Mortiis deixou muitos fãs que o acompanhavam desde o Emperor para trás, assim como angariou uma legião de outros que não se prendem somente a um gênero musical.
Por outro lado, esse híbrido entre o velho e o novo possui grandes chances de trazer os melhores dos dois mundos, já que estamos diante de um olhar avante deste velho de guerra dos sons obscuros.
Ouça Spirit of Rebellion no Spotify: