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Foto: Marvin Joseph/The Washington Post

Morre Wayne Shorter, saxofonista pilar do jazz, aos 89 anos

Vencedor de 12 Grammy, músico trabalhou com Milton Nascimento

Por Luiz Athayde

Um gigante do jazz nos deixou. O saxofonista e compositor americano Wayne Shorter, morreu nesta quinta-feira (2) aos 89 anos. Ele se encontrava internado em um hospital de Los Angeles. A causa da morte não foi informada.

Sua página oficial no Facebook emitiu o seguinte comunicado: “Hoje, às 4 da manhã, Wayne Shorter continuou pacificamente sua imensa jornada rumo ao desconhecido. Ele estava cercado por uma família amorosa. Em suas palavras, “É hora de ir buscar um novo corpo e voltar para continuar a missão”. Nam Myoho Renge Kyo.”


Nascido na classe de 1933, Shorter foi um dos responsáveis pela abrangência do jazz, bem como sua história no final do século 20. Entre as inúmeras credenciais, ele foi membro do Miles Davis Quintet na década de 60, e se destacou como intérprete em gravações pioneiras de Davis, que ajudaram a definir o que passou a ser chamado de jazz-rock.

Essa foi uma via que Shorter seguiu com maestria no grupo Weather Report, com o pianista Joe Zawinul. Wayne ainda passou formações como Second Great Quintet e Art Blakey’s Jazz Messengers.

O músico também foi amigo de longa data de Milton Nascimento, do qual registrou o álbum de 1974, Native Dancer. “Hoje é um dos dias mais difíceis da minha vida. Dia de me despedir de parte de tudo o que eu sou. Wayne Shorter foi – e sempre será – mais do que um parceiro musical”, disse o lendário compositor em seu perfil oficial no Instagram.


E continua: “Em 1975, ele me convidou para gravar o “Native Dancer”, e mudou a minha vida e  carreira pra sempre. No ano passado, quando me apresentei em Los Angeles, ele não conseguiu ir me assistir, pois havia sofrido um acidente doméstico na noite anterior, mas dei um jeito de ir até a sua casa, e tivemos uma tarde linda, digna dos nossos tantos anos de irmandade e história. Meus sentimentos à sua esposa, Carolina, que tanto batalhou pela saúde do meu eterno irmão nos últimos anos. Ao meu amado amigo, o meu maior e eterno amor.”

Músicos de todos os períodos sempre incluíram músicas de Shorter em seu repertório, mas nada como o respeito de sua geração. Cortesia de suas associações de Davis a Herbie Hancock. Ou outros dois pilares do sax, John Coltrane e Sonny Rollins, do qual ele era frequentemente comparado.

“Wayne nunca me pareceu um imitador”, disse Rollins à autora Michelle Mercer em “Footprints” (via The Washington Post), sua biografia de 2004. “Ele gostava um pouco de Trane e talvez de mim, mas Wayne era um cara inovador, e isso se revelava na maneira como ele montava as coisas”.

Miles Davis, em suas memórias de 1989, escreveu que considerava o Sr. Shorter “o catalisador musical intelectual” de seu quinteto, especialmente nos álbuns E.S.P. (1965), Miles Smiles (1967) e Sorcerer (1967).

Embora vencedor de nada menos que 12 Grammy, Wayne Shorter não parou de colecionar premiações. Em 2017 foi a vez do Prêmio Polar, conhecido como o “Nobel da música”. E esse ano, ao ser escolhido como melhor improvisação de solo de jazz em “Endangered Species”, faixa de seu álbum de estúdio de 1985, Atlantis.

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