Músico lutava contra o câncer há dois anos e meio

Por Luiz Athayde

2021 já começa com uma das maiores baixas da história do rock. Morreu na última quarta (13) Sylvain Sylvain, guitarrista da banda proto-punk/glam rock New York Dolls, após uma batalha de dois anos e meio contra o câncer, aos 69 anos.

A notícia foi confirmada por meio de sua página oficial no Facebook em um longo comunicado, do qual incluiu homenagem assinada pelo amigo e companheiro nos palcos Lenny Kaye.

“Embora ele tenha lutado bravamente, ontem ele faleceu com esta doença”, diz a nota. “Enquanto lamentamos sua perda, sabemos que ele finalmente está em paz e sem dor. Aumente a música dele, acenda uma vela, diga uma oração e vamos mandar esta linda boneca embora.”

Leia a homenagem na íntegra abaixo:

“Sylvain Sylvain, o coração e a alma do New York Dolls, portador do Teenage News, passou para sua próxima encarnação astral na quarta-feira, 13 de janeiro de 2021.

Syl adorava rock and roll. Sua alegria no palco, seu sorriso radiante enquanto golpeava sua guitarra, revelaram a sensação de admiração que ele deve ter sentido aos 10 anos, emigrando de Cairo, sua cidade natal com sua família em 1961, o navio chegando ao porto de Nova York e vendo o Estátua da Liberdade pela primeira vez.

Foi ele quem olhou através da Avenda Lexington e viu a placa do hospital New York Doll. Syl e um amigo de colégio, Billy Murcia, trabalhavam em um brechó na época, o apropriadamente chamado Truth and Soul, suéteres tricotados à mão com um lado da atitude do rock. Ligando-se a outro colega de classe, John Genzale, e então, como as bandas fazem, Arthur Kane, David Johansen e Jerry Nolan, eles se tornaram um quasar no firmamento rochoso; incorporando trash, glam, garage-to-punk, a afirmação ambissexual da música tocou mais alto.

Seu papel na banda era o ponto central, mantendo os satélites giratórios de seus companheiros de banda em precisão. Embora ele tenha tentado bravamente manter a banda, no final a fábula moral dos Dolls os oprimiu, não antes de semear uma influência que iria influenciar muitas gerações rockeiras ainda por vir.

O New York Dolls anunciava o futuro, tornava mais fácil dançar. Desde o momento em que vi seu pôster aparecer pela primeira vez na parede do Village Oldies em 1972, anunciando uma residência no Mercer Hotel na mesma rua, durante sua ascensão meteórica e como uma estrela cadente em chamas, os New York Dolls foram o núcleo aquecido dessa música que saudamos, a banda que faz você querer formar uma banda.

Syl nunca parou. Em sua carreira solo, ele foi bem-vindo em todo o mundo, da Inglaterra ao Japão, mas acima de tudo nos antros de rocha de Nova York, que foi onde o encontrei alguns anos atrás no Bowery Electric. Ainda Syl. Seus cachos espiralados, quicando incansavelmente, exultando em viver seu sonho, pedindo à multidão que cantasse junto, e assim o faremos. Seus nomes gêmeos, espelhados, tornam-se nós.

Obrigado duas vezes Sylvain, por seu coração, crença e a maneira como você golpeou aquele acorde. Descanse em paz, pequena boneca.”

Como era esperado, luto nas redes sociais. Músicos de várias esferas musicais seguem prestando homenagens.

Aw man….One of the NYC originals, Sylvain Sylvain has passed away. He was a true sweetheart. In 1980 sitting on a couch in my old band loft, he gave me my stage name of Steve Stevens. Where’d ya get that beat, got that beat on 14th street. pic.twitter.com/90zp6zaDUj

— Steve Stevens (@Stevestevens) January 15, 2021

Travel on well Sylvain Sylvain you all-time great rock and roller (February 14, 1951 – January 13, 2021) pic.twitter.com/8K124zl0IN

— Mike Scott (@MickPuck) January 15, 2021

RIP Sylvain Sylvain, bringing the style and swagger to the original Glam-Punk Gods #NewYorkDolls! Heroes to my Heroes… I’m gonna put on “Trash” & “Pills” & “(There’s Gonna Be A) Showdown” in honor of Sylvain and the rest of the lipstick killers! pic.twitter.com/Vm9Oo5bDrD

— Mike McCready (@MikeMcCreadyPJ) January 15, 2021