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Magna Zero – The Great Nothing

Trio psych-rock se jogou no mesmo buraco negro que sugou os principais nomes da esfera alternativa

Por Luiz Athayde

Enfim, saiu do forno The Great Nothing, álbum de estreia do promissor trio Magna Zero.

Foto: Divulgação/Press

Formada em Los Angeles no fim da classe de 2019 por Jason Moore (vocais, teclados e guitarra), Chris DiCesare (guitarra) e Dave Aubrey (bateria), a banda tratou de aquecer e fazer crescer seu público com alguns singles digitais nos últimos meses. Isso sem mencionar o EP All Must Go, editado em 2022 por carimbo independente.

Como quase todo grupo alternativo que se preze, esses caras lançam mão de uma infinidade de referências sônicas; desde as guiadas sob o prisma do experimentalismo, as mais palatáveis. Parcialmente, leia-se: Radiohead, Queens of the Stone Age, Tool, Jane’s Addiction, Gods is an Astronaut, Brant Bjork.

Em outras palavras, um jorro em 11 respingos de peso e psicodelia prog, mas sem o sol quente que ajudou a fritar a cena musical de Palm Desert, na Califórnia.

No entanto, seus temas estão mais alinhados à filosofia, ao existencialismo: da afirmação da virtude e da positividade no mundo de hoje (na sessentista “The Singularity”), à jornada pela transcendência (“Step Into The Light”).

Mas a abertura se dá com “All Must Go”. Uma faixa que alguns desavisados podem pensar ser de algum lado b da banda Maserati, de Athens, Geórgia. Belo começo.

“Endure” já havia sido compartilhada no Class Of Sounds. Como dito anteriormente, esta traz ecos de rock progressivo, ainda que soe bem moderna. “Under The Dirt” é quase autoexplicativa (“Sob a Sujeira”, em português), dada a pegada distorcida e empoeirada de seus riffs. Aqui, a máxima é o groove que tanto se ouvia nas bandas rockeiras dos anos 70; com direito a solo estilo “jam” e tudo.

Na sequência, um esboço doom rock com “Oblivion”, que o trio descreve como “uma viagem ao desconhecido para retornar ao estado de pureza”. Viajante sim, e garageira como as antigas bandas do icônico carimbo americano Sub Pop.  


“Eat You Up” foi o último single antes do disco sair. Diferente de seus antecessores, este traz um quê de Stooges, mas processado nos anos 2000. Tipo um indie rock com mais testosterona – por mais brega que seja dizer isso hoje em dia – do que as bandas daquele período. De qualquer forma, o que importa é que se trata de outro bom momento no álbum.

Em “Behind the Sun”, o trio adentra no buraco de minhoca até o planeta The Cure. Não como uma cópia de suas músicas, mas fazendo o mesmo caminho experimental feito em registros a partir de Bloodflowers (2000).

Ainda falando em Robert Smith e cia, imagine ele tentando sair da depressão ouvindo Kool and the Gang, e no fim acabasse compondo para lançar Faith (1981). Então, é mais ou menos como “We Are All” soa. Maravilhosa, aliás. “Dark Matter” é outra faixa que explica por si própria. Neste caso, a dita matéria escura é movida a drone music, mas como se envolvesse uma parceria entre The Who, Nine Inch Nails, Gary Numan e My Bloody Valentine.

“Walking to Nowhere” fecha o círculo sintetizando todos os elementos explorados pelo trio até o presente momento. Tem clima de jam session, punk, space rock, krautrock e flertes radiofônicos.

Minha interpretação para The Great Nothing é que se trata de uma grande ironia. Na verdade, o “nada” deles significa “tudo” que podem inserir em sua sonoridade sem as amarras do mercado. E, ainda assim, com muito bom senso. Afinal, de nada adiantar misturar tudo sem um objetivo, por mais que esse seja o do descompromisso.

Claro que nem de longe é o caso deles. E dado o potencial comercial das composições – equilíbrio entre o experimentalismo e o alvo apontado para o mainstream –  esta estreia tem tudo para reverberar.  Álbum sensacional.

Ouça The Great Nothing na  íntegra a seguir:

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