Trio norte-americano ampliou a psicodelia distorcida do debut
Por Luiz Athayde
Primeiro, o grande nada. Agora, céu infinito. Ou, Infinite Sky, por Magna Zero.
A formação segue com Jason Moore (vocais, guitarra, teclado), Chris DiCesare (guitarra) e Dave Aubrey (bateria), assim como sua proposta sônica, voltada para a psicodelia, porém, com contornos progressivos.
Uma boa prévia ocorreu através do álbum de estreia, The Great Nothing (2023), do qual trazia 11 faixas com média de 5 minutos de duração. Desta vez, o trio de Los Angeles, nos EUA, resolveu condensar suas infinitas possibilidades em apenas três músicas.
Bom, “apenas”. Porque praticamente se trata de três peças onde o limite é a criatividade, ou seja, não existe barreiras.
Todas as conexões possíveis em torno do krautrock, mas também daquele rock alternativo que assolou os anos 90 se encontram presentes aqui. Na verdade, já em “Captured Chasms”; algo como Tool encontra Fugazi com uma dose de drone music, porém, de um jeito coeso.
Jason começa a cantar lá pelo quarto minuto, mas a essa altura, o ouvinte já está entretido na atmosfera espacial – musicalmente falando, claro. O nome do grupo aparece na segunda faixa, e dá o tom para quase 20 minutos de orbita ao redor do experimentalismo e da aura de garagem.
Aliás, é exatamente esse o ponto forte do disco e da banda: o clima de improviso, como no free jazz. Embora a temática seja o universo e nossa capacidade de compreensão dele, às vezes, parece que estamos ouvindo uma variante de 2024 da cena de Palm Desert. Cortesia do combo protagonizado pelo baixo e a bateria, a eterna hipnose de guitarra e a voz de Moore, quase soando como um chamado.
No entanto, o ponto alto acabou ficando para “Atemporal”, que na verdade eu chamaria de anti-comercial, anti-pop ou qualquer coisa que se assemelhe mercado musical, especialmente dos Estados Unidos.
Contudo, acredite, há momentos palatáveis, desde que você esteja familiarizado com nomes como Rush, Eloy e Sigur Rós. Ainda assim, rotular essa grande trip não é uma boa ideia, uma vez que você certamente descobrirá novas nuances a cada audição.
Sim, é disco para ouvir uma, duas, muitas vezes. O que fiz aqui foi só esboçar uma espécie de guia, afinal, a maneira nada ortodoxa de misturar influências distintas em um registro.
Inclusive, recomendo conhecer o Magna Zero de trás para frente. A experiência pode ser ainda mais louca.
Ouça na íntegra pelo Bandcamp, ou a seguir.