Cantora e compositora australiana descarta qualquer sinal de esperança sobre o futuro da banda
Por Luiz Athayde
O maior nome do neoclassical darkwave/world music, Dead Can Dance, chegou a um novo fim. Ao menos é o que afirmou a cantora, compositora, instrumentista e co-fundadora Lisa Gerrard, em recente entrevista para a revista digital romena Igloo.
Entre os vários tópicos abordados, está sua avidez por trabalhos colaborativos, incluindo uma vindoura parceria com Daniel Johns, do Silverchair (o músico co-assinou várias composições no álbum de Lisa de 2014, ‘Twilight Kingdom’) e o asco de Brendan Perry pelos samples feitos por artistas da música eletrônica.
“Eu adoro! E fico muito empolgada com isso. Fico muito triste quando Brendan diz não, porque realmente sinto – e digo isso com toda sinceridade – que, depois de fazermos o trabalho, não somos mais donos dele”, conta ela.
E continua: “E sempre fico empolgada quando vejo o que outras pessoas podem fazer com essas coisas. Porque isso é arte! Agora, como a arte pode estar errada? É a própria arte. É um absoluto. Não pode estar certa ou errada. É arte. Ela existe fora desses tipos de críticas, sabe, e é uma crítica em si mesma. Portanto, ela vive isolada.
Então, realmente não vejo como você pode dizer não. Com base em que… você pode dizer não? Mas, às vezes, Brendan tem um problema com isso.”
Porém, é quando perguntada sobre um novo álbum ou mesmo turnê que o balde de água fria surge de forma impiedosa:
“Definitivamente, não. Acho que o Dead Can Dance acabou, agora. Está realmente acabado. Acho que é isso. Terminamos nossa temporada. E, sabe, nos últimos shows, estávamos repetindo as mesmas músicas várias vezes. E é como se, a menos que façamos algo novo, isso se tornasse incrivelmente difícil para Brendan.”
Ainda assim, o entrevistador Christopher Mathieu questiona: “Mas vocês têm um novo álbum”. No caso, se referindo a Dionysus, lançado em 2018. E Gerrard devolve dizendo: “Sim, mas o álbum era muito mais do Brendan. Não foi um álbum que Brendan e eu escrevemos juntos, como os anteriores.”
Ela ainda acrescenta que “ele precisava seguir outro caminho, e eu respeito isso, como artista. Mas ele meio que começou a se afastar do tipo de conexão que tínhamos juntos. Mas isso é uma coisa natural, é uma coisa orgânica, e você não pode lutar contra isso. É simplesmente… É o que é. É o processo. Faz parte da evolução do trabalho.”
Em 2022 o Dead Can Dance havia cancelado todas as datas agendadas nos Estados Unidos e na Europa para o restante do ano, bem como 2023, devido a “motivos de saúde”, como alegado em comunicado.
Nesse ínterim, Lisa Gerrard lançou trabalhos como a trilha sonora do filme australiano West of Sunshine (co-assinado com James Orr) e o álbum colaborativo It’s Not Too Late, com o compositor polonês Zbigniew Preisner. Além de estar atualmente em turnê pela Europa com a orquestra do renomado compositor alemão Hans Zimmer.
Quanto a Brendan Perry, seu último registro foi em 2020, o excelente Songs of Disenchantment (Music from the Greek Underground).