A hora e a vez do… eletrônico progressivo, ou vice-versa
Por Luiz Athayde
Disco novo do King Gizzard & Lizard Wizard. A essa altura, já não é nenhuma novidade, certo? Pois é, exceto pelo que eles irão tirar da cartola. E dessa vez, ou melhor, em Made in Timeland, a rapaziada mais louca de Melborne, Austrália, atacou de eletrônico.
Na verdade, tais flertes quase sempre estiveram presentes, ou ao menos, vez ou outra, mas não em forma de um disco inteiro, ainda que o mesmo se configure com apenas duas faixas. Longas, obviamente.
O registro vem sob carimbo próprio, KGLW, e logo nos primeiros minutos, mostra a que veio. Mas não se engane, as viagens aqui são muitas, e apenas uma audição não é o suficiente só impede absorver suas incontáveis camadas.
“Timeland” é simplesmente diferente de tudo o que já fizeram (só para variar, ironicamente dizendo), e traz um delicioso passeio pelo Techno, house music, e claro, psicodelia; meio que uma sobremesa atrelada ao cardápio tradicional deles. Mas aqui, esses ‘quadrados’, por assim dizer, são codificados no formato IDM – sigla para Intelligent Dance Music; subgênero da música eletrônica oriunda da derrocada da Rave britânica, regada a experimentalismos e nuances jazzísticas.
Já “Smoke And Mirrors” se forma como uma subsequente peça progressiva, com naturais namoros setentistas de cunho espacial – Ah, sim, vale lembrar que até o momento, nada de vocais por essas bandas, e nem terá –, e fantásticos grooves percussivos, eletrônicos, mas soando de forma puramente orgânica. No desfecho, ainda arriscam uma trance embrionário, daqueles bem fritantes, até desembocar em uma nóia que só eles mesmos para embarcar. Bob Dylan encontra Beastie Boys na cracolândia.
Em outras vias ou palavras, são os reis lagartos Aussie de sempre: surpreendentes, revigorantes e acima de tudo, instigantes; por desafiar o ouvinte a sair da zona de conforto. Se é que quem os seguem, vivem em tal perímetro.
Logo menos, no próximo dia 22 de abril, tem mais sons saindo. Por ora, segue este na íntegra, no Youtube.