Novo registro do ‘francês de Quebec’ mantém o alto nível de seus lançamentos recentes
Por Luiz Athayde
Jean-Pierre Mercier ataca novamente! Poucos meses após lançar o EP The Four Winds o produtor canadense chega com mais um play estendido, do seu Handful of Snowdrops à classe de 2020.
Asymmetrical compreende 4 faixas que em pouco se diferem do registro anterior, mas ao mesmo tempo, trazendo nuances extremamente notáveis.
De maneira proposital, a faixa título abre o disquinho querendo pegar o ouvinte de vez; e consegue. Synthpop clássico, como feito na segunda metade dos anos 1980.
Já em “Flattening The Curve”, o único membro constante deste projeto eletrônico parece querer desaparecer no espaço, guiado por alguma nave dark comandada por Jean Michel Jarre. Boa viagem.
“Broken Open” é, de longe, uma das composições mais inspiradas de Mercier. Nitidamente orientada por falanges eletrônicas oriundas do fim dos anos 70 e começo dos 80, seus vocais melodiosos simplesmente se encaixam perfeitamente com sua jornada sônica iniciada no maravilhoso álbum III, de 2015. Seus poucos mais de 7 minutos parecem passar como se fossem 3; tamanha a hipnose que esta faixa causa.
Encerrando de modo sintomático, “Violation of Symetry (Asymmetrical Extrapolation)” volta a pegada darkwave que fez registrar seu nome no mapa da música obscura, casando inclusive com a proposta do (quase) álbum: compor uma assimetria sonora, a fim de evitar a repetição, a mesmice e a zona de conforto.
Quem acompanha o trabalho de Mercier sabe que desde que voltou às atividades sem seus companheiros de banda, hiato é algo praticamente inexistente em sua vida, independente das adversidades, que incluem desde calote da Pledge Music a pandemia do Covid-19.
Asymmetrical é nada menos que o resultado clássico de trabalho pesado e inspiração à flor da pele, de um músico que mostra sua relevância em meio a vigente nova onda do pós-punk.
Que venha um disco cheio, ou mais um excelente Extended play como esse.
Ouça Asymmetrical na íntegra abaixo.