Novo álbum chega sem muitas alterações na sonoridade, mas com grandes participações especiais
Por Luiz Athayde
Apenas dois anos separam o álbum anterior do Front Line Assembly do recém-saído do forno Mechanical Soul. Como é comum em curtos espaços de tempo, poucas alterações foram feitas na sonoridade da banda liderada pelo vocalista Bill Leeb e seu parceiro de longa data Rhys Fulber.
Obviamente, isso não é de todo o mal, na verdade, nenhum; a linha de frente da velha escola canadense do EBM/Electro-Industrial retomou abordagens que remetem aos clubes da década de 90, e tão obscuro como… sempre.
Não bastasse isso, o duo criativo convocou dois nomes de peso para participarem do novo registro: Dino Cazares, do Fear Factory, assinando as guitarras na faixa mais cyber groove “Stifle”, e um dos principais integrantes do lendário grupo pioneiro do EBM Front 242, o vocalista Jean-Luc de Meyer, em “Barbarians”.
Só essas já valiam o disco, mas antes mesmo do seu lançamento, eles soltaram um dos pontos altos em muitos anos. “Unknown” é FLA clássico (óbvio que não é o time); futurista (bom, quando eles não foram?), batidas hipnóticas e um refrão de brotar um chip no seu cérebro logo no primeiro milésimo de segundo.
Por outro lado, no discorrer das músicas, nota-se uma pegada bem mais pesada do que melódica, vide a intrigante “Rubber Tube Gag”; “Alone”, com seu mezzo clima de suspense, e a potente “Komm, Stirbt Mit Mir”, que qualquer comparação com os últimos álbuns do Skinny Puppy é tão injusta quanto desnecessária, afinal, Leeb foi parte importante naquela antiga formação.
Para quem está por aí desde 1986 com 17 álbuns de estúdio (isso mesmo), não é de se estranhar os caminhos naturais a se seguir seriam ou experimentalismo exacerbado, comum em muitos atos deste gênero, ou a zona de conforto, quando o artista encontra a sua pegada e vai até o fim da carreira.
E há muitos anos o Front Line Assembly vaga nessa linha tênue, trazendo alguns trabalhos realmente marcantes ao longo de sua discografia, e Mechanical Soul veio para compor essa soma. Tão bom quanto o predecessor Wake Up the Coma, se não for melhor. Inclusive a última faixa é um remix para “Hatevol”, que se encaixou perfeitamente na proposta apresentada em 2021.
O Electronic Body Music vive, e como. Graças, também, a esses canadenses nada sociáveis.
Ouça o disco completo no Spotify: