Trio britânico volta ainda mais épico e melódico dentro do black metal
Por Luiz Athayde
Devo confessar que em 1999, no auge das minhas escavações por CDs raros de black metal nos catálogos impressos de selos underground, eu não poderia imaginar que um dos meus achados, o Vordven, da Finlândia, se tornaria escola. Mesmo que de forma indireta.
Ainda que a gravação seja algo que ultrapasse o rudimentar, seu único álbum de estúdio, Towards the Frozen Stream (1999), continua sendo um dos melhores lançamentos do estilo naquele ano. Ok, não é sobre eles o corpo da resenha. Mas de uma das gratas revelações dos últimos anos da esfera Epic Atmospheric Black Metal: Firienholt.
O trio de Leeds, Inglaterra, é formado por The Wolf (vocais, teclado), The Raven (guitarras, programações) e The Swallow (baixo, vocais, teclado) registrou seu primeiro trabalho em 2020, o EP The Crownless, seguido por mais dois no mesmo formato (‘Beside the Roaring’ Sea e ‘Lady of Light’).
Enfim, em 2021 estreiam com o disco By the Waters of Awakening pelo fantástico carimbo teuto-finlandês Naturmacht Productions. O mesmo obteve notável sucesso no subterrâneo graças a ótima receptividade do público e da crítica especializada, incluindo o Brasil pela Roadie Crew.
Claro que esse foi apenas o começo. Tanto que sequer sentiram a tal “síndrome do segundo disco” ao editarem o novíssimo White Frost and Elder Blood, seu melhor momento até aqui. São apenas 4 faixas, mas a duração das mesmas (média de 10 minutos) configuram tranquilamente um álbum.
E por esse mesmo motivo, talvez, as composições vieram de forma superlativa em relação ao registro anterior. As melodias estão mais latentes, a atmosfera épica ainda mais majestosa e o que se pode chamar de black metal, se encontra mesmo são nos vocais.
Ao visualizar a arte da capa, assinada por Carl Ellis, aponta como se estivéssemos diante de um jogo de videogame ou alguma animação de aventura. No entanto, basta apertar o play para “Trails of Destiny” te iniciar na viagem de poucos mais de 40 minutos. Na verdade, mesmo antes do primeiro minuto já é possível imergir no clima proporcionado pela banda.
“The Wolf and the Raven” não faz diferente, embora desavisados possam fazer conexões com Caladan Brood ou mesmo os austríacos do Summoning; pioneiros nesta vertente. Extremamente envolvente. “Shadows of the Great Flame” alimenta o lado folk, ainda que a máxima se aproxime da new age.
“Tedd Deireádh” encerra mais ou menos no mesmo ritmo, mas trazendo o diferencial dos coros em sua introdução, quase como um filme.
A quantidade de ótimas bandas saídas desse cruzamento entre dungeon synth e metal extremo não cabem no gibi. Algumas valem pela menção honrosa. Em contrapartida, nomes como Firienholt praticamente nos obrigam a destacá-las, tendo em vista o resultado fantástico de White Frost and Elder Blood. Álbum belíssimo.
Ouça na íntegra e adquira a cópia física (CD e vinil) pelo Bandcamp. Ou confira abaixo, no Spotify.